Ardy Lightfoot

Ardy Lightfoot SNES game review

Todos nós temos algum jogo que marcou a nossa juventude. Geralmente é o primeiro jogo que a gente joga mas em alguns casos em específico pode surgir de outras ocasiões. Em 2009 uma locadora da cidade em que morava estava fazendo um saldão de jogos de Super Nintendo (queriam investir em PS2 ao invés de Nintendo) e um dos jogos que capturou minha atenção foi Ardy Lightfoot. A má notícia é que no outro dia já haviam vendido pra alguém mas pra minha sorte "esse alguém" era o meu primo. Tá vendo como família é importante?

Ardy Lightfoot foi um jogo de Super Nintendo produzido pela ASCII (conhecida na época por fazer RPG pra Super Famicom) e publicado no ocidente pela Titus (isso mesmo, Superman 64). O jogo é um plataforma genérico da época, porém o apelo dele era a sua apresentação: parecia um episódio de desenho animado. Desde o design fofo dos personagens até o enredo genérico, tudo gritava Sábado Animado... e para uma criança desenhista de 10 anos aquilo era o suficiente para eu gastar algumas horas livres da minha vida naquilo.

Ardy Lightfoot SNES game review

A história do game é bem simples: o nosso herói estava explorando uma caverna quando encontrou uma escritura ancestral que falava sobre uma lenda envolvendo gemas mágicas. Aí entra o vilão do jogo que ficou sabendo por fofoca e exigiu um ataque completo para que ele possa conseguir as tais gemas primeiro. Ardy descobre que a cidade vizinha estava sendo atacada e decide intervir, levando ele a mais uma aventura animada cheia de reviravoltas (são duas, mas ja é grande coisa). Algumas cenas me chocaram na época (não vou dar spoiler).

Já no level de introdução podemos ter uma noção de como é jogar com Ardy e seu amigo (que não lembra Kirby) redondo. Ao pressionar B duas vezes é possível efetuar um mega-salto usando magia no próprio rabo. Quanto mais forte você pressiona, mais alto será. Ao pressionar Y Ardy irá ordenar que seu amigo azul engula o inimigo (totalmente não é Kirby) mas se você tomar um hit ele irá desaparecer, impedindo de atacar novamente. Para voltar a usar esse ataque é preciso salvar o nosso amiguinho azul de algum baú dourado pelas fases.

E por último entra o ataque (?) mais apelão do jogo: se você pressionar a seta pra cima por algum tempo Ardy irá invocar um espelho mágico tornando ele invisível á qualquer dano. Isso pode não ser útil em fases normais (até porque você tem mais chances de esquivar ou atacar) mas é essencial contra chefes. Isso significa que além de te dar um tempo pra perceber a pattern dos chefes (o famoso "como se mata") te dá a chance de ficar zoando os caras. Mas fique ligado: Ardy irá ficar invisível apenas por 4 segundos e ás vezes o tiro pode sair pela culatra.

Ardy Lightfoot SNES game review

Se você for bom o suficiente consegue zerar esse jogo em menos de 30 minutos. Não só as fases são curtas (são segmentos de um episódio) como também ás vezes parecem serem vazias demais. Diferente de Super Mario World, aqui você vai quebrar a cabeça tentando não morrer em alguns desafios que exigem precisão (o famoso "come vida"), interagindo com mecânicas ao invés de focar em matar inimigos. O problema maior é a colisão dos objetos...

Um exemplo é no Scene 4 - Lumberjack Forest onde justamente antes de acabar a fase o jogo pede que você corra cegamente e salte um abismo. O problema é que a colisão dos objetos é precisa demais e pra evitar a morte eminente vai ser necessário não só pressionar B bem forte após o salto como Ardy deverá saltar na extremidade do chão. Até o jogador conseguir saltar de primeira ele já vai ter morrido várias vezes (ou apelado para o Password).

E falando de Password, a maneira que o jogador insere os inputs por aqui é bem mais interativa e interessante do que em outros jogos. Você possui 3 cubos de frutas e conforme a posição em que cada uma delas está surge uma ordem correta. Essa ordem é o password de cada uma das Scenes. O mais curioso é que se você não tem nada pra fazer é possível a ordem correta de algumas delas puramente na tentativa e erro.

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Mas não se preocupe pois em geral o game é moleza. O desafio é que não só o jogador precisa entender alguns obstáculos como deve sobreviver á colisão dos objetos no jogo. Na fase da pirâmide (quando você derruba uma das rochas) é possível ver que o objeto não cai - ela literalmente desce pra baixo. A mesma sensação ocorre com alguns inimigos pequenos: quando eles saltam é possível reparar que a animação não é fluida... mas por que?

Para enfrentar os chefes não basta saltar na cabeça deles. Nesse jogo cada um deles possui um jeito diferente de ser derrotado e alguns possuem ataques que vão fazer você arrancar os cabelos se levar dano desprevenido. A coruja pirata é um belo exemplo de dificuldade fora de ordem: ela é rápida, ataca de longe e boa parte dos seus ataques (que usam projéteis) impedem que o jogador esquive á tempo. Ou você mata ela primeiro ou ela mata você.

O mapa do jogo possui um apelo típico de um RPG da época. Não duvido que o protótipo fosse um e só na metade decidiram fazer um jogo plataforma. O jogador não consegue interagir, já que os mapas foram usados pra mostrar o que acontece entre uma fase e outra. Mais uma vez a animação não é bem fluida mas pra um jogo pra criança acredito que estava bom até demais.

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E então após chutar algumas bundas chega o grande momento: o castelo final. Já na recepção é possível sentir que o clima é pesado, com um ambiente que lembra um mix de Final Fantasy VI e Super Mario World. A diferença aqui é que o vilão Viscont não tá pra brincadeira e vai fazer o que for necessário pra conseguir o que deseja. O seu castelo é enorme, cheio de armadilhas e com uma das músicas mais memoráveis pra mim.

Afinal estamos falando de um castelo e todo castelo final precisa ser gigante pra caramba. Enquanto em outros jogos você escolhe o caminho até o chefe, aqui é diferente: são quatro fases chatas pra caramba antes de enfrentar o chefão. Todas elas exigem domínio e precisão, além de muita paciência e habilidade pra descobrir que cada uma delas possui um "segredo" pra não ficar morrendo no mesmo lugar. Nada melhor do que ter tempo livre, não é mesmo?

Após tudo isso finalmente enfrentamos Viscont, que nos recebe com uma cena chocante (literalmente) e uma batalha com música triste. Ele possui três estágios de batalha e á cada dano que recebe ao invés de ficar fraco ele fica mais bravo e mais forte. Para os desprevenidos de plantão, como medida extrema ele salta do seu trono pra encarar você frente á frente... e como ele é rápido! Nem Bowser é tão ágil pra um grandalhão, isso aqui é sacanagem.

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Mas no final, tudo dá certo. O chefão leva um chute no saco tão forte que vira purpurina e morre. Ardy agora possui tempo o suficiente pra lamentar a perda dramática de sua amiga, mas é surpreendido quando seu aliado revela o verdadeiro poder das gemas. Como mágica as gemas dançam no ar até surgir uma fada que ressuscita a melhor amiga de Ardy e tudo volta ao normal. O Ending então revela que o grupo volta pra casa, devolvendo as gemas para seus antigos donos. A maior surpresa foi descobrir que uma continuação estava planejada.

A trilha sonora não é grande coisa. Elas não possuem qualidade CD, mas fizeram justiça para cada momento. Mining Town Ablaze é um bom exemplo: é uma música que te convida a entrar de cabeça em uma aventura. Lumberjack Forest por sua vez é melancólica, dando um contraste com a floresta dos ursos tristes. Mas a cereja do bolo vai para Island Of Ruins. É uma música tão boa que dá pra ver que o compositor investiu tudo que tinha. Os efeitos sonoros são bem cartunescos, com seus poft e plaft. Menção honrosa pra quando Ardy morre... whoooop.

Ardy Lightfoot SNES game review

Por curiosidade, é possível brincar com alguns comandos debug dentro do jogo. Alguns deles são bem normais (como ativar a vinheta pra simular que você está jogando uma memória) ou até bem engraçadas (já pensou em jogar com uma versão minúscula do seu personagem?). Vale lembrar também que a versão americana removeu alguns "excessos" de violência pra conseguir trazer para cá mas que sendo honesto não fazem falta.

Pontos Positivos:
+ O jogo lembra um desenho animado. Eu gostei.
+ Cada fase possui um foco diferente, agregando variedade.
+ Algumas fases possuem mecânicas únicas bem divertidas.

Pontos Negativos:
- Cenas agressivas podem chocar jogadores desprevenidos.
- O jogo fica muito difícil após a batalha contra a coruja pirata.

Sugestões:
* A física do jogo poderia ser melhor.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    ☆☆
Trilha Sonora:                  ☆☆
Criatividade:                    ☆☆
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Nota final:         ☆☆☆
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Com toda certeza Ardy Lightfoot está longe de dar uma lição de jogabilidade (ainda mais quando existem jogos melhores) porém basta alguns minutos pra reconhecer que o jogo possui carisma. Não é um jogo perfeito, mas houve uma bela tentativa de fazer algo especial para as crianças da época. Genérico, mas divertido.

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