Final Fight 3

Title Screen Final Fight 3

Se teve algo que fez sucesso nos fliperamas eram jogos de luta. Alguns deles eram torneios estilo The King of Fighters e outros eram apenas vigilantes dando porrada no primeiro vagal que cruzasse o seu caminho... como Final Fight. Com o sucesso do primeiro jogo, a Capcom lançou um port meia boca pro Super Nintendo que anos mais tarde investiria em mais duas continuações, cada uma com uma vibe diferente da outra.

Hoje eu irei analisar o terceiro e último, Final Fight 3. Foi um jogo que me marcou bastante não só porque eu recebi o cartucho de presente de um amigo do meu pai como foi o primeiro jogo de pancadaria no Super Nintendo que explodiu a minha mente. Eu já havia jogado a versão cabeçuda de NES, mas ver sprites enormes interagindo em velocidade frenética foi surreal. Não é Street of Rage, mas... isso aqui também não é um Sega Genesis.

Final fight 3 options screen

O menu de opções garante uma personalização interessante: não só é possível definir a dificuldade e o quão forte a CPU amiga é como desativar o infame Fogo Amigo, evitando perder HP por bobagens. O jogo permite que você zere sozinho, com a ajuda da CPU ou com a ajuda de um segundo jogador... só que aí surge um problema conhecido: o jogo vai apresentar certa lentidão se dois jogadores estiverem jogando, não importa se for a CPU ou não.

Mas não se preocupe: é possível jogar do começo ao fim com apenas um personagem. O jogo está mais justo, com inimigos dando espaço pro jogador e mesmo na dificuldade extrema eles evitam travar você com golpes em sincronia que faria Tekken ter orgulho. As fases em geral são menores e os chefes são mais frágeis e cansados, tirando menos HP do jogador. Se você for realmente bom nesse game só verá a tela de CONTINUE? apenas uma vez... no chefão final.

Final Fight 3 cutscene

Final Fight 3 possui uma história similar ao primeiro jogo, só que ao invés de envolver a filha do prefeito aqui quem corre risco de vida é a própria população. Basicamente Haggar e seus amigos devem limpar as ruas de criminosos que fugiram da cadeia graças a um plano de vingança do chefão do sindicato do crime, que ao que parece é um ex-veterano que não bate bem das idéias. Quero dizer... alguém precisa financiar a desgraça alheia, não é mesmo?

O jogo retorna para o lugar que começou, com uma pegada mais urbana (deixando de lado aquele lance de dar a volta ao mundo pra causar confusão nas ruas) mas com um desfecho mais moderno. Todos os chefes trabalham para o sindicato e acredite se quiser você não vai querer bater de frente com um policial corrupto ou um marinheiro que levanta uma ancora como se fosse laçar o Boi Bandido. Ou pior ainda: pegar um ônibus pra enfrentar um maníaco em um lixão.

E falando em retorno, dois personagens retornam em glória completa (Haggar e Guy) enquanto dividem espaço com dois novos personagens: o lutador de rua Dio Dean e a policial platinada Lucia. Pra quem estava com saudades isso vai ser um prato cheio, não só agora podemos jogar com o ninja mais descolado das ruas como também não precisamos cair em lendas urbanas como "venda seu rim que o Guy aparece no Final Fight 2".

Is this loss?
Era pra ser esse meme.
Só avisando...

A gameplay possui varias melhorias em relação aos jogos anteriores. Não só a dificuldade é menos apelativa como o controle do seu personagem possui a qualidade básica de um jogo lançado nos anos finais do console (1995). É tudo tão suave, tão sereno que o seu personagem parece deslizar naturalmente. Eu me lembro das gargalhadas entre primos simplesmente pelo fato que é possível fazer Moonwalk pressionando L/R.

As gangues que vão servir de saco de pancada até o chefão também não decepciona. Não só agora é possível encontrar gordos bom de briga como também temos lindas gatas pra cortar o seu pescoço com as pernas. O retorno de mulheres foi um dedo do meio da Capcom após a confusão do caso Poison (um fiasco que nem quero lembrar), surpreendendo veteranos. Existem novos inimigos como os alemães que jogam Molotov e jogadores de baseball mascarados mas nada supera os malditos anões fazendo cosplay do Predator. Não, nem me lembre daquele elevador...


Jogar com o clássico Guy é uma das melhores experiências do jogo simplesmente porque ele dispara combos de fogo feito um ninja, acerta voadoras como um ninja e dá combos que parecem uma homenagem á Hokuto No Ken (Kenshiro não é ninja mas Bruce Lee praticamente era um). Muito certo que você vai revezar a gameplay com ele acertando combos imóvel e correndo feito um louco pra desligar o botijão de gás.

Jogar com Haggar é uma apelação simplesmente porque o cara é uma parede ambulante. Ele pode ser o personagem mais lento mas suas habilidades se encontram quando a situação aperta e a tela fica cheia de inimigos. A diversão aqui é agarrar seus inimigos e saltar pela tela como se fosse uma mola enquanto quebra a coluna deles com golpes proibidos de luta-livre. Um pouco repetitivo, mas vitória garantida.


Jogar com o Dean é uma experiência um tanto... chocante. O cara é uma ponte entre os dois anteriores e possui a habilidade de dar extra dano com choque. Esse choque é ativado quando o jogador "insiste" no combo, afetando não só quem tá na frente mas quem encostar em você. O ar da graça aqui é agarrar os infelizes e quebrar a coluna deles (ou apenas jogar-los no chão). Se a situação piorar nem tente dar voadora pois o papo-reto do cara é dar carrinho sem direito a cartão vermelho. Não é brincadeira não, quem sabe faz ao vivo!

Agora jogar com a Lucia é certamente a pior experiência do jogo. Eu digo isso não pelo fato de que ela parece não tirar sangue suficiente dos inimigos, mas sim que seus golpes são tão desinteressantes como do Dean. A vantagem aqui é que ela é tão veloz quanto o Guy, controla grupos como o Dean e só sabe dar chutão na boca... mas só isso. Nem o SUPER dela é interessante. Bom... alguns jogam só pra ver as pernas dela em ação mas cada um com suas prioridades, certo?

Se você pensa que morrer afogado é ruim imagina virar queijo suíço.

O fato que agora também é possível correr expande a possibilidade de efetuar golpes deixando para trás aquela monotonia de caminhar até o inimigo. Fora que ainda se encontra presente o EXTRA JOY, que é aquele golpe urgente que dá um "chega pra lá" na galera mas tira sangue de você mesmo assim. É possível ainda pegar armas do chão e curiosamente cada personagem possui uma arma favorita, acertando mais golpes:
Guy: Nunchaku (ele é um ninja, esqueceu?)
Haggar: Cano de ferro (melhor que uma cadeira de luta-livre)
Lucia: Porrete (aparentemente policiais adoram bater com bastões)
Dean: Marreta (ele arremessa o objeto eletrificado)

Nisso entra a adição mais louca desse jogo: SUPER. Conforme você acerta combos sem levar dano inimigo uma barrinha azul vai enchendo como se fosse Street Fighter Alpha. Quando essa barrinha ficar cheia você tem como 30 segundos pra efetuar um golpe especial antes que a barra esvazie normalmente. Para efetuar o SUPER é preciso agarrar o inimigo e fazer essa sequencia:
Guy: frente, baixo, frente+Y
Haggar: frente, baixo, frente+Y
Lucia: baixo, baixo, frente+Y
Dean: baixo, cima+Y


Outra coisa que foi demais são as rotas secretas. Em jogos anteriores você tinha que passar pelos mesmos lugares e enfrentar a mesma ordem de chefes, certo? Aqui é diferente. Em certas fases ao quebrar algum objeto em específico a rota será desviada para outro caminho, que poderá ser mais longo ou mais curto se você achar outros objetos que possam ser destruídos da mesma maneira: com especial ou arremessando um bandido neles.

E porque você usaria essa rota secreta? Bom, digamos que existem dois chefes com uma dificuldade absurda: um logo no começo do jogo e outro perto do fim. O primeiro é Caine, um maníaco que luta em um lixão e o outro é Stray, o doente que matou a família do Dean e agora se esconde em uma fábrica. Pra você ter noção esses caras possuem um ataque bem cheap o que torna eles mais difícil que o próprio chefão final, o sargento Black.

Mas hey... se lembra do bonus game de destruir o carro de um azarado qualquer? Aqui a situação está um pouco diferente, praticamente uma revolução das máquinas: um corno chamado Bull vai tentar te empurrar de um cais estreito. Pra impedir a desgraça você tem que acertar várias voadoras no cara, um chutão por segundo. O outro bonus game é de destruir um computador na fábrica mas essa aí é bem mais sem graça porque você tem que correr e desviar de barris.

Final Fight 3 Download

Enquanto a trilha sonora dá um show com uma sensação mais urbana/policial, bem coisa que você ouviria no filme Lethal Weapon, os efeitos sonoros não são tão bons assim. Ainda que haja uma certa sensação de impacto os golpes ficaram um pouco "mastigados". Como o foco principal foi os gráficos os desenvolvedores tiveram que comprimir algumas coisinhas pra evitar que o cartucho pegasse fogo feito uma churrasqueira com controle remoto. Brincadeira, meu!

Mas não seja por isso: essa é a soundtrack mais marcante da trilogia. Praticamente não tem uma música ruim, só tem HITS (entendeu o trocadilho?) que se destacam devido a seus momentos. Temos For Metro City (Round 1), Law And Disorder (Round 2, re-utilizado em outras fases), Explosive Situation (Round 6, intro), Chinese Takeout (Tema de batalha do Wong) e a infame música do elevador Straight To The Top. Eu não tenho boas lembranças daquela parte...


Se você parar pra pensar, o jogo tem um clima único. Como foi desenvolvido e lançado quase que no fim da vida do Super Nintendo o time responsável da Capcom já devia estar cansado e fez qualquer coisa jogável pro pessoal esquecer o desastre do port de uma vez e superar o jogo anterior. Será que isso justifica a lentidão jogando com um amigo/CPU?

Isso se torna mais evidente no final do jogo. A proposta diz que o jogo possui diversos finais mas na verdade possui apenas 1 final... o que muda no script é a posição do personagem que você escolheu e detalhes do diálogo, mas... fica apenas nisso. Para ver o verdadeiro final é preciso zerar no EXPERT, algo que em jogos anteriores seria impossível. Se não fizer isso vai aparecer um final incompleto pedindo pra você jogar na próxima dificuldade.

Não tão importante mas a recepção da crítica na época não foi das melhores. Os tais "chefes no assunto" avaliaram negativamente a experiência dizendo que era "a mesma coisa chata de sempre" e que o jogo "não superava o original". A ironia é que esse jogo vendeu tão bem quanto o anterior, mas considerando a péssima hora pra lançar um jogo (perto do natal de 1996) dizer que foi sorte é pouco, o jogo vale a pena sim.

Final Fight 3 Ending

Pontos Positivos:
+ Uma trilha sonora marcante pra um jogo de pancadaria.
+ Sprites enormes com gráficos incríveis.
+ É possível jogar com o Guy.
+ Escolher a rota até o chefão amplia o fator re-jogabilidade.

Pontos Negativos:
- Experiência CO-OP decepciona devido á lentidão.
- A rota normal é mais difícil que a rota secreta.

Sugestões:
* Lucia poderia ser mais forte. Dean poderia ter mais combos
* A música do chefão final poderia ser mais agressiva.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    
Trilha Sonora:                  
Criatividade:                    
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Nota final:         
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Eu não sei você nem os outros mas eu considero Final Fight 3 um dos melhores jogos de pancadaria do Super Nintendo. Em uma época em que Street of Rage dominava tudo a Capcom fez o que era possível pra bater de frente com o pior jogo da franquia deles (que foi o 3) e acredite: deu certo.

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