The Magic Cooking Pot

Quem não se lembra da era clássica de horror cibernético? Quando um zé mané qualquer espalhava uma mentira deslavada pra assustar outras crianças (não é fake news) afirmando que o videogame dele estava assombrado ou que a foto do cachorro tava possuída? Pois bem, essa época das creepypasta foi de certa forma marcante pra muito jovem com tempo livre, incentivando alguns á criarem Romhacks de terror como Mario vs Sonic.Exe.

Mas e se eu te contar que em pleno 2023 ainda tem gente que dedica o seu tempo livre pra fazer hacks nessa pegada? Pois é. Em uma análise fora de época hoje vamos conhecer a mais nova SMWhack de terror The Magic Cooking Pot, produzida e estrelada pelos irmãos/amigos Goobie Doobie e lançada pela Mad Screamer Inc.

A história da hack é super simples: existia um vilarejo feliz com sapos, lagartos e (pererecas?) felizes sendo alimentados por uma panela de ouro... mas não era simplesmente uma panela: ela cozinhava a melhor comida do mundo. Aí um certo dia um arrombado roubou essa panela, obrigando os nossos heróis carismáticos a entrar de cabeça em uma aventura mais sangrenta que período menstrual. O jogo começa inocente e após o segundo mundo é ladeira abaixo.

Se você já possui certa experiência e o trauma continua vivo então certamente sabe do que estou falando. Jogos como Doki Doki Literature Club incentivaram outras pessoas á criarem jogos grotescos camuflados como jogos fofinhos (apesar de ser previsível hoje em dia). Mas voltando ao jogo... saiba que ele possui um enredo, uma trama. O vilão é um príncipe abençoado por uma maldição que faz dele um canibal e a única salvação é acabando com a vida do cara.

Espera... como assim?

Os gráficos do jogo ao mesmo tempo que me causaram estranheza me deram uma sensação de ar puro. A comunidade possui projetos visualmente apelativos como Sicari e visualmente sujos como PAUL, mas eu diria que esta hack seria um meio-termo. Ao mesmo tempo que os gráficos são consistentes eles são feios e sinistros, adicionando incrivelmente uma imersão ao jogo após o segundo mapa.

Como o vilão está sempre um passo á frente toda vez que você chegar em um novo mapa é como se o Furacão Katrina tivesse causado estrago. Enquanto as fases parecem desoladas os castelos estão cheios de cadáveres ensanguentados, restando apenas o osso. Os castelos também possuem uma imagem do chefe antes de ficar possuído pelo Ragatanga, gerando um contraste com a aparência corrompida deles durante a batalha.

Vale ressaltar que essa hack tem muito sangue, tanto é que no mundo final você praticamente caminha no mar vermelho. O clima vai ficando cada vez mais fora de controle e os gráficos conseguem passar essa sensação ao jogador, apesar que nos seus momentos finais chega beirar ao ridículo com a premissa que a loucura tornou um lagarto em um Evil God. 

Mas quer saber? O gráfico dos protagonistas são fofinhos.

Precisa de mais sangue...

Jogabilidade aqui é tradicional, tão normal quanto um jogo da Nintendo. Ao invés de coletar moedas o personagem come cenouras. Aparentemente cada fase possui uma moeda dourada com a cara do vilão, como se fosse uma Yoshi Coin. Coletar-las deveria ser obrigatório pro final bom, mas o próprio jogo diz que não precisa então fica a dúvida: pegar ou não? Os inimigos tiveram novos gráficos, alguns deles inspirados em Pokémon. 

Entretanto você precisa buscar as fases secretas que te levam ao palácios especiais. Não espere nada colorido com um botão te esperando: aqui o bicho vai pegar. Pra acionar um dos quatro botões que irá deixar o jogo mais tolerável e te encaminhar pro final bom vai ser preciso superar fases longas e mais chatas do que costume. Interprete isso como essencial pois é intuitivo escolher prioridades durante a jogatina.

Cada mundo possui em média 4 stages, entre eles o castelo do chefe que pode ser tanto um rei afetado pela maldição ou o próprio príncipe. Cada vez que você bate de frente com o vilão do jogo a luta é sempre a mesma, porém com uma atmosfera mais dark, implicando que ele está ficando cada vez mais louco. Existem sub-chefes e estes tem arenas mais interessantes que o vilão principal (mas não se precipite, continua difícil).

Curiosidade: se você tentar usar trapaça o emulador explode.

Os desenvolvedores pensaram em tudo, eh?

Uma surpresa e tanto foi a trilha sonora. Não só ela é do tipo que abusa de instrumentos personalizados como também cada música selecionada agrega á estranheza do local. É possível perceber quando a situação vai ficar feia ou quando é pra você pensar que alguém te observa (em alguns momentos eu podia jurar que a hack ia ter jumpscare). Agradeço por terem feito um jogo violento ao invés de apelar pra sustos em demasia.

Não sei se foi intencional (acredito que seja) mas conforme você passa de fase a trilha sonora vai de alegre/ativa para melancólica/sinistra. No começo parece só mais uma aventura bizarra mas depois do castelo de neve o jogador percebe que não tem mais volta, negócio vai ladeira a baixo. Tem um momento engraçado que é a música de Zelda na caverna: não faz sentido. Imagine que tá rolando uma matança e alguém coloca música alegre pra dar um clima.

O mapa não é grande coisa, mas estranhamente combina com o jogo. A apresentação é simples, cores com contrastes tão fortes que me lembrou de hacks como O Ninja Negro. Algumas luas estão disponíveis como estrelas mágicas para levar o jogador mais rápido para certos mapas do jogo mesmo eu considerando desnecessário. Não existe uma razão forte de re-jogar certas fases á não ser procurar pela saída secreta. Infelizmente as fases mais longas cansam o jogador.

O jogo possui dois finais: bom e ruim. Pra pegar o final ruim basta jogar normalmente e ignorar as saídas secretas. Não só você vai perder tempo em um castelo longo como vai ter que investir mais meia hora pra pegar o final bom. Basicamente o jogador deve ativar os quatro botões, atravessar uma ponte tracejada e derrubar uma torre de vigia que leva ao reservatório lunar. Se tudo der certo você vai contemplar essa cena abaixo ao som de rap.

Pontos Positivos:

+ Os protagonistas são originais e carismáticos.

+ Gráficos consistentes pra uma estética sinistra.

+ A música não decepciona.

+ Lore.

Pontos Negativos:

- As fases finais são desnecessariamente longas.

- O jogo sofre uma carência por variedade perto do final.

Sugestões:

* Mecânicas que não funcionam deveriam ficar de fora da versão final.

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Dificuldade:                      ★★★★☆

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Gráficos:                           ★★★☆☆

Jogabilidade:                    ★★★☆☆

Trilha Sonora:                  ★★★★☆

Criatividade:                    ★★★★☆

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Nota final:         ★★★★★★★☆☆☆

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Download: SMWcentral.net

Certamente uma experiência que você jamais irá esquecer, não só porque é graficamente sujo e violento mas porque o jogo faz veteranos sentirem falta de Super Pika Land e Pokémon Darkness.

Ponto extra porque a comunidade precisa de mais projetos de terror.