13/09/2024

Call Of Cthulhu


"Dizem que gatos guardam os mistérios da humanidade. Ou será que eles são, de fato, o percussor de tal mistério? Criaturas enigmáticas, com um olhar sagaz e curioso. O ápice de um enigma que o ser humano, tão eloquente e irracional, procura desvendar em desventuras imaginárias. Não importa se este estiver fora de si ou simplesmente deprimido: a imagem felina o encanta. Devora-te. Em uma conexão atemporal entre os cosmos, uma magnífica obra de arte celestial." -TheMorganah

Gostaram? Eu estou realmente inspirado hoje.
Seria uma boa hora de dizer que sou poeta? Acho que não.

A resenha de hoje será de um projeto lançado por Yashum em meados de 2012. Não tenho palavras em expressar a alegria de escrever uma resenha deste mod novamente. Um projeto que foi responsável por despertar o meu interesse em 2014 por Smwhacking. Claro, Touhou Mario e The Senate foram outras portas na época mas isso não é importante agora. Para comemorar a sexta-feira treze do mês, que tal desbravar os mistérios da humanidade comigo?


Vamos começar comentando a razão pela qual o projeto existe. Eu não posso comentar muito sobre esta parte (eu já conversei com o autor) porque apesar da hack ter sido um sucesso Yashum não curte muito a ideia do pessoal ficar lembrando da razão pela qual ela existe. Mas vamos supor que um dia ele acordou pela manhã, super inspirado, e decidiu fazer um mod de Super Mario World como presente de aniversário para um amigo. O pessoal não fazia mod Kaizo pra trollar os amiguinhos? Então, a parada aqui é parecida. Gentil da parte dele como pessoa.

A história da hack é basicamente assim. Certo dia Mario estava lendo um livro dos contos de H.P Lovecraft quando seus olhos ficaram cansados. Em um piscar de olhos ele se encontrava em um túnel escuro e uma voz doce feminina o chamava. Desorientado o nosso herói cai em um mundo enigmático jamais visto antes, repleto de criaturas gosmentas e muito verde. Se você conhece as obras do sujeito este será o ponto crucial que o levará a jogar este mod, sem dúvidas. Por aqui você encontrará várias referências de seus contos, inclusive os gatinhos. Quem não gosta de gatos?


Os gráficos são verdes, em sua maioria. Alguns estágios vão para um lado mais abstrato enquanto outros acabam se tornando a própria carne viva. Digamos que os visuais simples fazem justiça, principalmente quando o próprio autor teve que desenhar algumas coisinhas. Quando não foi feito por ele foi ripado de outro jogo, como Cave Story. Um detalhe interessante é que Mario perdeu o chapéu. Isto significa que ele está perdido ou totalmente vulnerável.

Se os gráficos não são bons o suficiente pra você saiba que a trilha sonora podem mudar a sua opnião. Apesar de simples para os padrões atuais a música do jogo possuem faixas de outros jogos com o propósito de agregar imersão. Esqueça momentos alegres porque o que predomina aqui é ausência de esperanças e a mais pura melancolia. A cena que mais me marcou foi quando Mario descobre a superfície ao som de Terranigma enquanto o sol tenta brilhar ao fundo. Foi como se o jogo estivesse recebendo o jogador de braços abertos. Totalmente mágico.


A jogabilidade em si é bastante simples. Para dizer a verdade ela segue o padrão plataforma tradicional sem nenhum problema. Entretanto é preciso tomar cuidados com alguns pulos cegos, coisa que era comum na época até o pessoal ficar vigiando os próprios passos. Boa parte dos inimigos só te perseguem ou dão pulinhos. Alguns deles esmagam, você sabe quais. Mario não possui nenhum poder novo sequer, ele apenas salta e corre.

Para tentar evitar a mesmice da experiência o autor fez inúmeras áreas para seus capítulos onde em cada uma delas é preciso fazer algo em específico. Por aqui você vai se confundir com uma ilusão do cenário, morrer na terra dos espelhos e ficar irritado com o segmento no escuro com P-Ballon. Não importa o que aconteça sempre haverá algo diferente pela frente. O jogo possui uma única batalha contra você-sabe-quem, o verdadeiro clímax da experiência.


A parte negativa se encontra no método apresentado pelo autor. Por aqui o jogador não joga estágios, mas sim segmentos (como um livro). O problema é que ao jogar pela primeira vez o autor forçou todos os seis segmentos em apenas um estágio devido as limitações da época. O próprio jogo incentiva o uso de savestates como checkpoint logo no primeiro capítulo. Após os créditos é possível escolher e jogar os segmentos na ordem em que bem desejar.

Mas vamos imaginar que não estamos jogando em um emulador. Vamos dizer, hipoteticamente, que estamos jogando em um cartucho direto no console (como nos velhos tempos). Imagine a sensação ao lembrar que toda vez que morrer terá que jogar tudo de novo. É uma situação desafiadora mas incrivelmente chata porque estamos falando de uma experiência de quase 60 minutos. Imagine chegar na batalha final contra o dito-cujo e acabar morrendo por acidente. Acredito que ele não imaginou que alguém iria jogar desta forma, principalmente em 2024.

Veja pelo lado bom: o cartucho vai salvar o seu progresso.
Que belo troféu pra mostrar aos amigos, né não? Que amigos?


A parte mais engraçada do projeto não são as referencias que apenas os amigos do autor podem decifrar mas sim a quebra da quarta parede. Sim! Como o projeto possui a temática clássica da loucura é claro que o jogo irá tentar questionar a sanidade do jogador. Logo no terceiro segmento é possível "morrer" para depois escalar a tela de Game Over. E como não mencionar a saudosa tela de pause do ZSNES? Porque naquela época todo mundo jogava neste emulador logo simular um pressionar acidental da tecla ESC foi genial. Queria ver alguém tentar o mesmo com Snes9x hoje em dia...

Porém tamanha genialidade teve o seu preço. Os quebra-cabeças do jogo não são horríveis, mas se você for uma pessoa desatenta ou estiver jogando pela primeira vez vai demorar bastante. Alguns desafios como o caminhar pelos blocos de estrela requerem extrema precisão, tanto na velocidade constante como no momento de fazer o salto. Não preciso dizer que o jogador vai morrer bastante por aqui. Enquanto a ilusão do GAME OVER é jogável o congelar da tela do emulador antigo é assustador: você aperta os botões e nada acontece. Haja paciência!


Por último vem a cereja do bolo que é justamente o confronto contra o Coisa Ruim. Durante o jogo alguns ocultistas querem ressuscitar o Cleiton pra causar terror geral mas para a sorte do bigodudo a sua forma não estava completa. Com a ajuda do anjo Mario consegue derrotar o você-sabe-quem usando penas de anjo. Diga-se de passagem que a música utilizada na batalha elevou o momento tudo-ou-nada, a coisa tinha ficado realmente séria. Com a ausência de pontos de checagem qualquer erro (vulgo cagada) deletava o progresso e aí já viu: o choro é livre.

Entretanto o problema da batalha era que o jogador deveria ser não só ágil, mas entender as regras do jogo. Na primeira etapa você enfrenta o ocultista, bem fácil. Na segunda etapa você enfrenta Ele próprio porém atordoado, dá pra ver que é um Noob Custom Sprite*. Mas na terceira etapa da batalha a arena fica menor e o desgraçado só recebe dano com um tipo de inimigo no qual é preciso agarrar pra lançar. No momento que você agarra esse inimigo o Mario recebe dano. Por isso as penas do anjo se tornam um elemento crucial para a vitória.

*Se você perceber o gráfico é bem maior que o padrão 32x32, logo posso estar errado. 
Entretanto este jogo usa bastante Ex-Animation, logo o autor pode ter feito algum truque visual.

Cara, como eu adoro essa música.

O jogo possui dois finais: um ruim e outro pior ainda (tô brincando). No final bom Mario consegue selar o filho da fruta verde com a ajuda do Anjo e voltar para casa. No final ruim Mario não consegue suportar o poder eminente que a presença do Todo Poderoso exalta, consumindo a sua mente por completo. O seu rosto em choque foi um dos momentos mais traumáticos possíveis já que o autor desenhou seus olhos vazios de um jeito que nem eu gosto de lembrar.

Caso você queira realmente pegar o final bom será preciso coletar os gatinhos cinzas espalhados pelos segmentos. Curiosamente na primeira versão havia um bug que não contava direito, logo era questão de sorte pegar o final bom mesmo coletando todos os felinos. A versão que muitos jogam hoje na internet é a versão consertada, onde não é mais preciso coletar exatamente 100% mas sim 75% das estátuas. Segundo o autor ele havia planejado um final alternativo no qual Mario fugia de barco mas por falta de tempo acabou por não criar nada e ficou por isso mesmo.


É possível ver que esta resenha foi um pouco diferente das demais. A hack de hoje foi importante para mim, é possível ver a minha euforia ao descrever a experiência ao público. Mas como eu costumava dizer "nem tudo são flores" até uma obra-prima possui os seus defeitos. Por aqui o que envelheceu mal foram decisões que só funcionaram na época do lançamento. É imperdoável exigir savestates hoje em dia quando se tem Retry Patch mas naquela época não existia nem Multi Midway Patch. A construção dos estágios, a trilha sonora e praticamente o resto ficou impecável.

Em primeiro lugar eu recomendo este mod de Super Mario World para amantes de horror cósmico, principalmente para aqueles que já gostavam da coisa antes de Darkest Dungeon popularizar o gênero. Em segundo lugar acredito que todos possam aproveitar a experiência falha (porém genuína) que o autor apresentou. Não é um projeto difícil, porém requer atenção em certos momentos. Realmente é um jogo em que você precisa usar toda a sua energia de uma vez só e isso vai desmotivar aqueles que tem pressa. Agora se você gostou, meu amigo... é só alegria.

O que você acabou de ver foi basicamente o resumo da batalha final.
O efeito da última cena ficou show de bola!

Pontos Positivos:
+ Uma aventura sinistra e melancólica.
+ Execução criativa da sua temática.

Pontos Negativos:
- Ausência de checkpoints elevam a frustração do jogador.
- Algumas mecânicas requerem mais de uma tentativa.
- Bug dos gatinhos afeta o final do jogo.

Sugestões:
* Sem comentários

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    
Trilha Sonora:                  
Criatividade:                    
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Nota final:         
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Download: SMWdatabase

Um verdadeiro clássico, perfeito para uma sexta-feira 13.
Ah! Como eu adoro preservação de jogos...

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