25/11/2024

Jono Hack

 

Quando eu fiz parte da Mario Hacks havia um membro que tinha criado um personagem carismático chamado Robertinho. Era um gato branco com bigode e chapéu inglês... e uma bengala. Um verdadeiro cavaleiro, se assim posso chamar-lo. Durante a C3 de 2018 esse membro pediu para que eu desenhasse o seu personagem... ele ficou tão charmoso! Bons tempos que não voltam mais...

A hack de hoje é brasileira, meus amigos. Produzida pelo JonoFeio1 (o que aconteceu com o JonoFeio original?) o projeto apresenta uma experiência engraçada inspirada em hacks como VIP e Diagonal Mario. Vamos para resenha? Sim, então vamos.


O principal motivo pelo qual eu resolvi jogar esta hack foi pelo gráfico do personagem ser similar ao Robertinho. Não só o protagonista como outros detalhes visuais foram desenhados pelo próprio autor. Não é aquela coisa profissional, mas acredite: tem o seu charme. A impressão que ficou foi que o autor estava aprendendo Pixel Art e optou por usar jogos de Game Boy Color como referência.

A trilha sonora é curiosamente engraçada. A qualidade do port em si não é perfeita mas se comparando com hacks antigas se encontra além do aceitável. O autor escolheu um clima descontraído, como se estivesse rindo da seriedade da situação. Existe algumas participações especiais nessa aventura porém não consegui reconhecer ninguém, fora o Eu Faria Vídeos.


A hack funciona da mesma forma que uma aventura tradicional de Super Mario. Entretanto aqui temos quatro longos estágios, cada um deles com uma proposta diferente. Infelizmente a qualidade foi caindo gradativamente conforme o jogador avança, causando a impressão que o autor não se importou tanto com a frustração de fazer uma hack. A presença de erros ortográficos e um jeitão de escrever que mais lembra um adolescente namorando pelo MSN em 2007 agrava a situação.

A parte positiva da apresentação inicial é que o mapa foi alterado. Não é a melhor coisa do mundo mas combina perfeitamente com a vibe do projeto. É uma mistura do original com algo mais simples, desenhado pelo autor. Já dentro dos estágios a HUD sofreu alterações, mas apenas pra indicar que o autor aprendeu a editar a mesma. O nome do personagem, a palavra "TEMPo" e uma nova caixa reserva foram as mudanças mais evidentes.

E olha que isso foi apenas o primeiro estágio!

Iniciamos a jornada e para minha surpresa o primeiro estágio é longo. Não possui uma dificuldade absurda e imita bem o SMW. É possível ver na imagem acima que o autor não fez tudo do zero, causando um certo deja-vu no jogador. Após acessar a caverna deste estágio e me deparar com um local sem música me lembrou daquela hack famosa MARIO. A execução dos obstáculos é ingênua, me lembrou quando estava fazendo minha primeira hack em 2014.

O segundo estágio não é tão longo assim, mas eleva um pouco a dificuldade. A música utilizada é ótima, porém alta se comparada á anterior. Tudo nesse level é desengonçado, como se o autor estivesse experimentando novas idéias. Novamente é possível ver que o autor não fez nada do zero no momento em que deparamos com uma sessão similar ao stage 106 do jogo original. É possível coletar uma lua por aqui e assim como na fase anterior não existe segredos ou desafios.

Parece fácil demais, até lembrar que o jogo não ficou difícil de verdade.
Seria então as luas uma espécie de Life Farm?


Jogadores que acertam a caixa de mensagem pra ver se o autor deixou alguma mensagem importante vão cair como um pato antes de perceberem o Layer 3. O que realmente não teve graça foi o excesso de decoração. Ou melhor: ficou difícil adivinhar o que era sólido e o que era decoração. As vinhas, por exemplos, são usadas como decoração e em certos momentos blocos azuis se misturam com outros blocos verdes para simular uma parede.

O quarto estágio inicia em uma locomotiva, com uma vibe de entardecer que só quem conhece Kirby irá perceber a referência. Diferente dos anteriores este aqui é bem mais curto, porém difícil. O layout da fase é linear, porém claustrofóbico. Suas idéias são visíveis mas a execução foi a mais simples possível. A pior parte foi dentro da locomotiva: uma sessão curta de autoscroll fast no qual o jogador precisa desviar agachado de inúmeros blocos.

O jogador vai morrer bastante aqui. Não é divertido.
É mais questão de sorte do que habilidade.

Assim não tem como te ajudar. :(

O quinto estágio é interessante. Basicamente o protagonista entra em um teatro no qual os holofotes estão direcionados para ele. É possível ver inúmeras portas mas não é possível acessar-las. Acredito que a ideia seria um labirinto, algo focado em exploração. O jogo então guia o jogador através da única porta acessível e pede para que ele escolha dois caminhos. Enquanto o caminho normal é vazio e segue o flow do jogo o caminho difícil é uma homenagem á outro jogo, IWBTG.

Por sua vez o último estágio é cativante, principalmente se você gosta de Touhou. Inspirado no clássico BAD APPLE!! o protagonista irá se aventurar em terras em preto/branco. Entretanto o autor teve a brilhante ideia de esconder inimigos pretos no cenário preto. Munchers falsas são brancas, a mesma cor das munchers que machucam. Eu sei que a intenção era checar os sprites entre elas para depois usar-los como trampolim, mas... na boa? Não é tão legal quanto parece.

O chefão final é o Bowser original do jogo.
Pelo menos a Peach diz "BAH".


Eu não vou mentir que gostei bastante do jogo, pelo menos no começo. Aquela energia de deboche, com uma apresentação desengonçada me cativou bastante. O level design não é atrativo mas foi fácil perdoar até descobrir as próximas fases. É possível enxergar uma certa preguiça do autor, como se ele tivesse com medo de explorar bem mais o Lunar Magic. Em certos momentos é possível ver o que foi copiado do jogo original e o que não foi.

Se nós ignorarmos o que foi mantido do jogo original temos estágios curtos com uma dificuldade artificial. Não é aquela coisa perfeita, mas dá pra jogar. Não tenho certeza se é possível se divertir com isso já que é bem amador e boa parte das idéias despertam o interesse de quem já curte algo bizarro. Se você busca uma experiência sólida ou divertida como o jogo original vou logo afirmando que não vai encontrar suco nessa laranja.

A M E N

Pontos Positivos:
+ Personagens originais.
+ Apresentação desengonçada, porém criativa.
+ Engraçada ás vezes.

Pontos Negativos:
- A hack confunde o injusto com o desafiador.
- Inimigos desaparecem quando menos se espera.
- Fica complicado saber o que é sólido ou decoração.
- Lentidão por excesso de sprites.
- Erros ortográficos.
- Lugares estreitos quebram o fluxo da jogatina.

Sugestões:
* Se é pra fazer bonito então não tenha pressa pra lançar algo, ok?
* Polimento é essencial. Melhore o seu controle de qualidade.
* Se você não acredita no que faz os outros também não irão.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    
Trilha Sonora:                   
Criatividade:                    
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Nota final:         
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Download: SMWcentral.net

Um bom exemplo que apenas carisma não faz um bom jogo.
Continue tentando!

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