Certa vez em uma conversa com amigos eu expliquei como era difícil escrever horror. Causar medo em alguém ficou mais difícil principalmente quando gerações se tornam imunes aos horrores do cotidiano. Antigamente serial-killers eram motivo de causar pesadelos, hoje virou caso de polícia. Entidades paranormais causam interesse em uns e aversões religiosas em outros. Mas o pior disso tudo é tentar fazer algo sério usando jogos... principalmente quando o jogo é um fangame de Mario.
A hack de hoje foi produzida por ninguém-mais-ninguém-menos do que Daizo Dee Von, o mesmo autor de The Bonus Rooms. Desta vez o autor deixou de lado esse lance de lenda urbana e resolveu investir em algo mais original, mais dele. O que surgiu como uma entrada de um evento de terror se tornou mais tarde em uma série - e aqui está!
O plot desta hack é bem diferente dos demais. Pelo que eu pude entender Dr. Faux é um cientista responsável pela repopulamento na terra. Como ele não consegue fazer tudo sozinho o monstro recorre á sua jovem esposa Norma. Nenhum ser humano gostaria de ser visto como um pedaço de carne, logo seria óbvio que a moça não ia gostar dessa ideia de repopulamento. O problema é que mesmo a garota dizendo não ela é forçada a gerar um novo bebe.
Certa noite a garota resolve caminhar por uma área considerada proibida. Eram ruínas sinistras usadas como tortura e outros rituais satânicos. Mas lá no fundo existe um tesouro isolado: Alpha Sphere. A garota então decide levar até o cientista e assim descobrindo os poderes malignos que a esfera possui. Sem pensar duas vezes Norma decide destruir a esfera, mas é surpreendida pelo marido. A garota então foge e, desesperada, tira a própria vida mergulhando na lava.
Mas este é apenas um dos finais da narrativa.
Cabe ao jogador explorar os inúmeros finais que podem ou não expandir a história.
Um ponto forte de Alpha Sphere se encontra na trilha sonora. Ao invés de músicas alegres aqui a parada fica mais sinistra. Se não me engano algumas músicas pertencem á outros jogos como Silent Hill e Earthbound. Como o autor implementou jumpscares foi inevitável o uso de gritos, porém não ficou evidente que a sua voz se encontrava distorcida dentro do jogo.
Entretanto os gráficos não agradam tanto assim. Realmente cansa, machuca os olhos depois de um tempo jogando. A parte positiva é que apostar em algo arriscado tornou algo negativo em algo memorável. O autor aproveitou tudo isso para implementar novos gráficos desenhados por ele ou por algum amigo. Afinal, uma história séria estrelando o nosso encanador vermelho pode acabar quebrando um pouco da imersão. Pra mim, uma estrela bônus!
Se você está achando a imagem pateta é porque não ouviu a imagem.
Sim... isso é um jumpscare.
A jogabilidade é separada em quebra-cabeças e exploração. A parte mais divertida (no qual o jogador interage) são os quebra-cabeças. Basicamente o jogador precisa avançar as barreiras numéricas quebrando blocos com olhos na sequência exata pra depois não ficar preso no mesmo local. A exploração em si é inexistente... você simplesmente encontra o caminho aberto e vai assimilando as cinemáticas.
A parte mais frustante é o chefão. Tecnicamente é uma batalha interessante mas sua execução, nem tanto. O seu personagem precisa fugir do cientista correndo para esquerda, destruindo os obstáculos pelo caminho. Entretanto o tempo de reação pra agarrar e quebrar os obstáculos diminui bastante conforme o chefe incrementa a velocidade. Se o bicho te pegar o jogo vai tentar deixar o jogador surdo e um desenho de caveira vai aparecer na tela.
Se você levar em conta os detalhes anteriores achar todos os finais é cansativo. O jogo não te dá qualquer incentivo para jogar novamente (fora achar os outros finais) e em algumas ocasiões é preciso refazer a mesma coisa PORÉM fazendo algo diferente. Por exemplo: imagine jogar um labirinto e no final deste labirinto tem duas portas. Cada porta te leva pra um final diferente, mas o labirinto em si não é nada divertido. Ou seja: o jogador precisa re-jogar bastante para encontrar algumas dicas deixadas pelo autor que existe algum final escondido.
O jogo possui vário finais, praticamente uns cinco. Toda vez que você destravar um final vai surgir na tela principal do mapa uns indicadores bem legais. É possível encontrar um segredo, uma pequena provocação do que seria Alpha Sphere 2. Mas para isso o jogador tem que ter a bola de cristal pra adivinhar que seria preciso ficar 600 segundos na sala da esfera, apenas para ser enviado ao segredo. O seu premio é nada mais nada menos do que outro jumpscare, só que dessa vez com um rosto de uma criança sem olhos.
Na minha honesta opinião a hack de hoje é bem diferente do que estamos acostumados a ver. Entretanto o apelo sério da sua história não combina com a execução genial, porém imatura. Foi como se o autor tivesse se esforçando demais para tentar assustar o jogador. Eu acredito que se uma criança jogar esta hack certamente irá se assustar, porém não vai entender a história. Já o público adulto vai achar graça, deduzindo que esta hack foi obra de uma criança problemática.
Eu recomendo a hack de hoje para aqueles jogadores que um dia criaram a sua própria lenda urbana envolvendo jogos de videogame. A experiência é curta, porém repetitiva. Não existe muitos momentos divertidos por aqui mas é possível ver que o autor teve uma ideia e tentou executar-la da melhor maneira possível. Agora se você quer algo mais profissional, então... vá jogar Silent Hill.
Pontos Positivos:
+ Temas pesados para um jogo de terror.
+ Quebra-cabeças geniais.
Pontos Negativos:
- Visuais geram cansaço e irritação nos olhos.
- O jogo tenta te assustar, mas acaba te deixando surdo.
- A luta contra Dr. Faux não é divertida.
Sugestões:
* Horror de verdade não precisa de jumpscares.
* Pense bem no seu público na próxima vez (criança ou adulto).
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Dificuldade: ★★☆☆☆
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Gráficos: ★★☆☆☆
Jogabilidade: ★★☆☆☆
Trilha Sonora: ★★★★☆
Criatividade: ★★★☆☆
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Nota final: ★★★★★★☆☆☆☆
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Download: SMWcentral.net
Mais uma hack horripilante para uma sexta-feira 13 deste ano.
Preparem-se! Em breve uma resenha de Rotten Brains.
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