Eu tenho um certo amor pela franquia Pokémon. Jamais joguei um jogo quando criança (se ignorar as hack chinesas de NES) porém lembro como se fosse ontem quando meu pai trouxe duas fitas em VHS para assistir. Um filme era do Gladiador e a outra era aquele filme em que o Ash morre e o Pikachu chora. Mas foi apenas em 2014 quando um certo Pokémon Darkness me incentivou a experimentar os famosos jogos de Pokémon que (quase) todo mundo ama.
Falando nisso... naquele mesmo dia eu assisti Gladiador com o meu pai.
Que filme! Ainda bem que ninguém se atreveu a fazer uma continuação...
Mas vamos falar de coisa boa? A primeira resenha de 2025 é de um projeto inusitado produzido e compartilhado na SMWC por ninguém mais, ninguém menos que Gamet2004. Se você não conhece a pessoa saiba que ele (ou ela, sei lá) produziu outras hacks legais como The Gatekeeper Strikes Again e Lakitu Adventures. Vamos ao que interessa, meus amigos. Preparem-se!
O projeto de hoje é basicamente uma super atualização para Super Lakitu 3, excepto que o jogo mudou tanto que qualquer um pensaria que fosse a versão inicial de algo muito maior. De certa forma a resenha de hoje vai lidar esse update como um novo projeto, ok? Isso é um bom exemplo de como uma boa apresentação e personagens de outros jogos possam chamar atenção do pessoal que simplesmente tá cansado do universo Super Mario.
A história é basicamente esta da imagem acima: tinha um Pokémon no meio da grama que passava os dias ouvindo Legião Urbana, tocando violão pra pegar mulher. Porém ninguém dava bola pra ele, o cara já estava ficando de saco cheio com a própria vida. Certo dia um portal surgiu do nada e de lá uma flor que não tem papas na língua convocou o nosso músico para uma aventura muito louca. Sua missão era atravessar outros universos para poder impedir Bowser outra vez.
Como podem ter reparado o jogo possui belas cutscenes, com fontes enormes e coloridas. Entretanto a ausência de um indicador me obrigou apertar todos botões do controle para descobrir depois que a direcional cima é o comando que avança a tela da história. Essa situação foi esclarecedora pra mim porque o pessoal deduz que o botão padrão é justamente o B. Aí quando o autor troca e não avisa o jogador se torna aquela bagunça gostosa.
Aliás, você sabia que quando você chega no final não existe toda aquela cena charmosa com créditos? Os créditos se encontram em um arquivo de texto incluído no [.ZIP]. É um método aceitável, mas eu recomendo bastante que se o autor chegou ao ponto de criar uma introdução bacana não custa nada criar uma sessão de créditos dentro do jogo. O jogador já espera esse tipo de capricho, logo quando ele se depara com uma situação dessas dá entender que tem coisa faltando.
Não é possível ignorar as cutscenes.
Se você é um daqueles que odeia história em jogos, meu amigo... ferrou.
Tá vendo essa variação nas cores do estágio?
Isso raramente acontece por aqui.
Os gráficos aqui são retirados de outros jogos, como Pokémon, Sonic e Kirby. Enquanto os visuais são bem melhores do que os presentes no Super Mario World a ausência de polimento quebra um pouco o encanto. É possível ver que certos estágios sofrem de cutoff, alguns deles explicitamente visíveis como o cenário da Green Hill e o chão da Brinstar. Eu sei que estamos falando de um projeto feito por fãs mas um pouco de polimento não é pecado, sabe?
Por outro lado, controlamos um personagem novo. O pokémon Scyther estréia em uma aventura com o seu próprio gráfico retirado de algum jogo de GBA. Quando ele come uma Fireflower fica vermelho e quando come uma SMB3 Leaf recebe uma capa verde. A parte negativa dessa mudança é que não existe uma diferença entre Small Mario e Big Mario: é o mesmo gráfico. Esse detalhe sem querer confunde o jogador que não se lembra se já comeu um Mushroom ou não.
Agora vamos falar da essência do jogo: a gameplay.
Do que adianta belos visuais sem uma experiência divertida, não é mesmo?
Primeiro de tudo, é preciso avisar que o projeto de jogo não possui mapas. Isso mesmo: ele é um arcade estilo Super Mario Bros (NES), excepto que é possível salvar o seu progresso. Isso é bom demais, principalmente quando o Mundo 5 apresenta obstáculos mais difíceis. Em geral os estágios são curtos, porém desafiadores. O jogo parece ser bem difícil, mas o segredo se encontra em manter a Fireflower devido aos inúmeros inimigos que cospem algo em você.
Ao contrário do que veteranos possam imaginar o protagonista não possui a sua habilidade nativa de ceifar seus inimigos. Esse detalhe desmerece um pouco a experiência porque é contra intuitivo, mas em defesa do autor implementar algo quando se conhece tão pouco sobre ASM não é tarefa fácil. Sendo honesto? É apenas um detalhe. É mais legal imaginar que o protagonista é algum tipo de pacifista ou que suas lâminas são para comer.
Mas continuando... o jogo possui sete mundos, chamados de universos dentro do jogo. Cada um desses universos possui o equivalente á quatro estágios no qual o quarto se encontra o chefe. Diga-se de passagem que enfrentar os chefes dessa hack é bem divertido. Eles não são TÃO cruéis como em projetos de dez anos atrás, dão mole até demais caso seja um jogador habilidoso. O primeiro chefe, por exemplo, causa uma boa impressão... até você se deparar com o que te espera em seguida.
O penúltimo mundo é controlado pelos Koopalings. Isso significa que ao chegar no quarto estágio desse universo o jogo te força a lutar não contra um, mas contra TODOS eles. Como o autor é muito experto ele usou o mesmo ASM sete vezes, trocando apenas o gráfico do chefe. A sensação de enfrentar todos eles sem morrer não é o problema, mas sim lembrar que existe um cronômetro que vai te matar caso não seja rápido o suficiente. Poxa! Isso não se faz, amigo!
Os últimos quatro estágios combinam todas as mecânicas chatas do jogo.
É melhor se preparar porque Bowser não tem pena de ninguém.
Perceberam o Timer?
A minha pressão arterial caiu rápido também.
Algo maravilhoso que merece ser destacado sobre o jogo é a trilha sonora. Não temos nenhuma composição original, apenas rips de outras franquias. Ou melhor dizendo: o que tinha de bom disponível publicamente na SMWC. Revisitar a trilha sonora desta hack deu um trabalhão porque não existe mapa para selecionar os estágios na ordem que desejar. Sabe o que seria legal? Disponibilizar um sistema de Jukebox após o último estágio.
Por outro lado precisamos comentar sobre o Level Design: nenhuma novidade, é praticamente o mesmo de Super Lakitu 3. Encontramos por aqui inimigos com a temática SMB3 All-Stars deixadas como lembrança da versão anterior. Algo curioso sobre o Layout dos estágios é que embora os inimigos estejam posicionados estrategicamente o jogo não arrasta a experiência como nas hacks antigas. Esta decisão do autor facilita bastante quem deseja jogar tudo outra vez.
Neste exato momento em que escrevo esta resenha está fazendo um calor satânico de 36 graus. Mesmo sem ar-condicionado é refrescante afirmar que o vento que entra pela janela me conforta. Quando eu estava com os pés na areia e o smartphone em mãos Scyther Our Savior foi a hack que me incentivou ao retorno para cidade grande. É um projeto colorido, engraçado e desafiador. Entretanto a qualidade da experiência variou bastante em certos pontos. Mas por quê?
O que me deixou mais chateado é que o autor acabou errando justamente nos erros mais bobinhos possíveis. É como se o autor não tivesse mais tempo (ou energia), compartilhando o projeto do jeito que estava. A ordem dos estágios dos últimos dois mapas está toda errada: o jogo funciona normalmente porém o autor se esqueceu de verificar a introdução correta.
A hack de hoje é ótima para aqueles jogadores da velha guarda, do tempo que The Project Reality estava no auge. Tem uma bela apresentação, uma trilha sonora bombástica e criatividade. O pessoal do Kaizo vai gostar dos obstáculos que exigem reflexos rápidos. A parte negativa é que o autor precisa caprichar um pouco mais para não jogar fora todas as coisas boas que o projeto tem.
Aguardo uma continuação com novas habilidades e universos.
E vocês?
Cortesia produzida pelo canal Hack Games Longplay Channel.
Pontos Positivos:
+ História criativamente engraçada.
+ O protagonista é um Pokémon muito descolado.
+ Visuais lindos retirados de outros jogos.
+ Trilha sonora bombástica.
+ Chefes legais de combater.
Pontos Negativos:
- Lentidão recorrente em certos momentos do jogo.
- Mundo do Bowser possui momentos bem cheap.
- Cutscenes não possuem indicadores para avançar a tela.
- É possível sofrer um softlock no chefão do mundo dos brinquedos.
Sugestões:
* Polimento é essencial, não esqueça disso.
* Se a sua apresentação é cinemática não esqueça de fazer um Staff Roll.
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Dificuldade: ★★★★☆
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Gráficos: ★★★☆☆
Jogabilidade: ★★★☆☆
Trilha Sonora: ★★★★☆
Criatividade: ★★★★☆
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Nota final: ★★★★★★★☆☆☆
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Download: SMWcentral.net
Muito poderia ser feito, apesar que o básico já esteja ótimo.
Será que esse ano vai ter continuação? :)
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