19/04/2023

O que é SMWhacking?

Super Mario World cover art box redone Eto2d
arte por Eto2D

Você já deve ter surfado na internet e se deparado com imagens ou vídeos de alguma suposta versão secreta ou especial do clássico do Super Nintendo (só pra descobrir mais tarde que era fake), não é mesmo? Aí você se perguntou "Poxa, como é que os cara fazem isso?" e já pensou em fazer um também pros amigos e a família mas não sabia por onde começar... certo? Pois bem, meus amigos, bem vindo ao mundo do SMWhacking.

Antes de tudo os interessados precisam saber que essa atividade não é ilegal, contando que você não faça nada pra vender na 25 de Março (mas ninguém aqui vai te impedir... copyright é complicado). A comunidade possui um certo código moral que é proibido lucrar com essa atividade e se apropriar do trabalho de outros membros. Outra coisa que é importante destacar é que, ao contrário de brincar no Mario Maker, as coisas aqui vão exigir paciência. Fique ligado!

A definição de SMWhacking:
Esse é o nome do hobby, da atividade livre sem renumeração (famosa "perda de tempo") que consiste em editar a ROM do Super Mario World americana na tentativa de criar novas aventuras. Teoricamente é um mod, mas ao longo dos 20 anos dessa atividade a comunidade internacional resolveu chamar os criadores dessas modificações de SMWhackers ou simplesmente hacker. Não confundir com aqueles caras do V de Vingança, falou?

Existem vários SMWhackers internacionais bem famosos na comunidade pelos seus feitos. Carol foi responsável por criar Super Kitiku World, mais conhecido como Brutal Mario. FPI foi responsável por uma das hacks mais longas já feitas, The Project Reality I+II. Gamma V, por sua vez, conquistou diversos seguidores fazendo hacks para iniciantes reproduzindo o infame "Padrão Nintendo". Mas se você achou que os brasileiros iriam ficar de fora, saiba que a comunidade brasileira segue firme e forte, contando com membros talentosos e carismáticos.


Como é feita uma ROM hack de Super Mario World:
Antes de mais nada a pessoa precisa ter em mãos o dump da ROM americana do jogo no computador na extensão [.SMC]. É possível conseguir isso de forma legítima fazendo o serviço com um Super Magicom OU com alguém na internet. O importante é que você precisa ter a fita original em mãos (por motivos legais internacionais).

Em seguida é preciso baixar Lunar Magic, o editor essencial que irá abrir a sua ROM mostrando tudo que você pode editar. O programa (criado pelo eterno FuSoYa) é um pouco complexo para novatos mas tudo fica mais fácil após uma sessão extensa de leitura na sessão de tutoriais da comunidade. O segredo é não ter medo de errar para que a pessoa experimente sem se apegar á nada.

É possível ir além do básico usando outras ferramentas auxiliares capazes de inserir conteúdo personalizado. Para isso será preciso expandir a ROM de 512kb pra 2MB (no mínimo). Uma vez que essa nova janela se abre a pessoa pode inserir músicas e gráficos de outros jogos na extensão [.mml] além de códigos externos [.asm] que modificam qualquer coisa, tornando a apresentação da ROMhack mais única se comparadas ás demais.

Quando a ROM hack fica pronta é hora de compartilhar na internet.
Para que a comunidade não tenha problemas com a nossa querida Nintendo foi exigido que toda modificação fosse convertida de [.smc] para [.ips]. Essa extensão é basicamente um patch que deverá ser aplicado pelo próprio jogador portanto não existe a necessidade de compartilhar a ROM já modificada (evitando que derrubem links ou websites). Assim sendo o mundo inteiro pode conhecer e jogar as hacks do pessoal.

Curiosamente hoje em dia se usa [.bps], uma versão mais otimizada e leve do que o [.ips].
Interessados podem baixar tudo que precisam aqui mesmo no website.


A comunidade:
Achou mesmo que tudo isso seria obra de um bando de gato pingado? A comunidade se desenvolveu em torno do surgimento do próprio Lunar Magic em meados de 2005 e permanece firme e forte até hoje. A comunidade internacional é conhecida por SMWcentral e possui um fórum com o mesmo nome. Se você é um SMWhacker e busca alguma resource, pode ter certeza que aqui tem.

A comunidade é tão grande que se organiza em ramificações por nações. A comunidade hispânica Fortaleza Reznor possui o próprio website e recebe membros de origem espanhola enquanto o bom e sempre lembrado Mario Hacks recebe membros brasileiros e portugueses desde 2008. Entretanto, apesar de quase todo mundo enviar seus projetos para lá ainda é possível enviar para outros sites como Romhacking.net .

12/04/2023

Ardy Lightfoot

Ardy Lightfoot SNES game review

Todos nós temos algum jogo que marcou a nossa juventude. Geralmente é o primeiro jogo que a gente joga mas em alguns casos em específico pode surgir de outras ocasiões. Em 2009 uma locadora da cidade em que morava estava fazendo um saldão de jogos de Super Nintendo (queriam investir em PS2 ao invés de Nintendo) e um dos jogos que capturou minha atenção foi Ardy Lightfoot. A má notícia é que no outro dia já haviam vendido pra alguém mas pra minha sorte "esse alguém" era o meu primo. Tá vendo como família é importante?

Ardy Lightfoot foi um jogo de Super Nintendo produzido pela ASCII (conhecida na época por fazer RPG pra Super Famicom) e publicado no ocidente pela Titus (isso mesmo, Superman 64). O jogo é um plataforma genérico da época, porém o apelo dele era a sua apresentação: parecia um episódio de desenho animado. Desde o design fofo dos personagens até o enredo genérico, tudo gritava Sábado Animado... e para uma criança desenhista de 10 anos aquilo era o suficiente para eu gastar algumas horas livres da minha vida naquilo.

Ardy Lightfoot SNES game review

A história do game é bem simples: o nosso herói estava explorando uma caverna quando encontrou uma escritura ancestral que falava sobre uma lenda envolvendo gemas mágicas. Aí entra o vilão do jogo que ficou sabendo por fofoca e exigiu um ataque completo para que ele possa conseguir as tais gemas primeiro. Ardy descobre que a cidade vizinha estava sendo atacada e decide intervir, levando ele a mais uma aventura animada cheia de reviravoltas (são duas, mas ja é grande coisa). Algumas cenas me chocaram na época (não vou dar spoiler).

Já no level de introdução podemos ter uma noção de como é jogar com Ardy e seu amigo (que não lembra Kirby) redondo. Ao pressionar B duas vezes é possível efetuar um mega-salto usando magia no próprio rabo. Quanto mais forte você pressiona, mais alto será. Ao pressionar Y Ardy irá ordenar que seu amigo azul engula o inimigo (totalmente não é Kirby) mas se você tomar um hit ele irá desaparecer, impedindo de atacar novamente. Para voltar a usar esse ataque é preciso salvar o nosso amiguinho azul de algum baú dourado pelas fases.

E por último entra o ataque (?) mais apelão do jogo: se você pressionar a seta pra cima por algum tempo Ardy irá invocar um espelho mágico tornando ele invisível á qualquer dano. Isso pode não ser útil em fases normais (até porque você tem mais chances de esquivar ou atacar) mas é essencial contra chefes. Isso significa que além de te dar um tempo pra perceber a pattern dos chefes (o famoso "como se mata") te dá a chance de ficar zoando os caras. Mas fique ligado: Ardy irá ficar invisível apenas por 4 segundos e ás vezes o tiro pode sair pela culatra.

Ardy Lightfoot SNES game review

Se você for bom o suficiente consegue zerar esse jogo em menos de 30 minutos. Não só as fases são curtas (são segmentos de um episódio) como também ás vezes parecem serem vazias demais. Diferente de Super Mario World, aqui você vai quebrar a cabeça tentando não morrer em alguns desafios que exigem precisão (o famoso "come vida"), interagindo com mecânicas ao invés de focar em matar inimigos. O problema maior é a colisão dos objetos...

Um exemplo é no Scene 4 - Lumberjack Forest onde justamente antes de acabar a fase o jogo pede que você corra cegamente e salte um abismo. O problema é que a colisão dos objetos é precisa demais e pra evitar a morte eminente vai ser necessário não só pressionar B bem forte após o salto como Ardy deverá saltar na extremidade do chão. Até o jogador conseguir saltar de primeira ele já vai ter morrido várias vezes (ou apelado para o Password).

E falando de Password, a maneira que o jogador insere os inputs por aqui é bem mais interativa e interessante do que em outros jogos. Você possui 3 cubos de frutas e conforme a posição em que cada uma delas está surge uma ordem correta. Essa ordem é o password de cada uma das Scenes. O mais curioso é que se você não tem nada pra fazer é possível a ordem correta de algumas delas puramente na tentativa e erro.

Ardy Lightfoot SNES game review

Mas não se preocupe pois em geral o game é moleza. O desafio é que não só o jogador precisa entender alguns obstáculos como deve sobreviver á colisão dos objetos no jogo. Na fase da pirâmide (quando você derruba uma das rochas) é possível ver que o objeto não cai - ela literalmente desce pra baixo. A mesma sensação ocorre com alguns inimigos pequenos: quando eles saltam é possível reparar que a animação não é fluida... mas por que?

Para enfrentar os chefes não basta saltar na cabeça deles. Nesse jogo cada um deles possui um jeito diferente de ser derrotado e alguns possuem ataques que vão fazer você arrancar os cabelos se levar dano desprevenido. A coruja pirata é um belo exemplo de dificuldade fora de ordem: ela é rápida, ataca de longe e boa parte dos seus ataques (que usam projéteis) impedem que o jogador esquive á tempo. Ou você mata ela primeiro ou ela mata você.

O mapa do jogo possui um apelo típico de um RPG da época. Não duvido que o protótipo fosse um e só na metade decidiram fazer um jogo plataforma. O jogador não consegue interagir, já que os mapas foram usados pra mostrar o que acontece entre uma fase e outra. Mais uma vez a animação não é bem fluida mas pra um jogo pra criança acredito que estava bom até demais.

Ardy Lightfoot SNES game review

E então após chutar algumas bundas chega o grande momento: o castelo final. Já na recepção é possível sentir que o clima é pesado, com um ambiente que lembra um mix de Final Fantasy VI e Super Mario World. A diferença aqui é que o vilão Viscont não tá pra brincadeira e vai fazer o que for necessário pra conseguir o que deseja. O seu castelo é enorme, cheio de armadilhas e com uma das músicas mais memoráveis pra mim.

Afinal estamos falando de um castelo e todo castelo final precisa ser gigante pra caramba. Enquanto em outros jogos você escolhe o caminho até o chefe, aqui é diferente: são quatro fases chatas pra caramba antes de enfrentar o chefão. Todas elas exigem domínio e precisão, além de muita paciência e habilidade pra descobrir que cada uma delas possui um "segredo" pra não ficar morrendo no mesmo lugar. Nada melhor do que ter tempo livre, não é mesmo?

Após tudo isso finalmente enfrentamos Viscont, que nos recebe com uma cena chocante (literalmente) e uma batalha com música triste. Ele possui três estágios de batalha e á cada dano que recebe ao invés de ficar fraco ele fica mais bravo e mais forte. Para os desprevenidos de plantão, como medida extrema ele salta do seu trono pra encarar você frente á frente... e como ele é rápido! Nem Bowser é tão ágil pra um grandalhão, isso aqui é sacanagem.

Ardy Lightfoot SNES game review

Mas no final, tudo dá certo. O chefão leva um chute no saco tão forte que vira purpurina e morre. Ardy agora possui tempo o suficiente pra lamentar a perda dramática de sua amiga, mas é surpreendido quando seu aliado revela o verdadeiro poder das gemas. Como mágica as gemas dançam no ar até surgir uma fada que ressuscita a melhor amiga de Ardy e tudo volta ao normal. O Ending então revela que o grupo volta pra casa, devolvendo as gemas para seus antigos donos. A maior surpresa foi descobrir que uma continuação estava planejada.

A trilha sonora não é grande coisa. Elas não possuem qualidade CD, mas fizeram justiça para cada momento. Mining Town Ablaze é um bom exemplo: é uma música que te convida a entrar de cabeça em uma aventura. Lumberjack Forest por sua vez é melancólica, dando um contraste com a floresta dos ursos tristes. Mas a cereja do bolo vai para Island Of Ruins. É uma música tão boa que dá pra ver que o compositor investiu tudo que tinha. Os efeitos sonoros são bem cartunescos, com seus poft e plaft. Menção honrosa pra quando Ardy morre... whoooop.

Ardy Lightfoot SNES game review

Por curiosidade, é possível brincar com alguns comandos debug dentro do jogo. Alguns deles são bem normais (como ativar a vinheta pra simular que você está jogando uma memória) ou até bem engraçadas (já pensou em jogar com uma versão minúscula do seu personagem?). Vale lembrar também que a versão americana removeu alguns "excessos" de violência pra conseguir trazer para cá mas que sendo honesto não fazem falta.

Pontos Positivos:
+ O jogo lembra um desenho animado. Eu gostei.
+ Cada fase possui um foco diferente, agregando variedade.
+ Algumas fases possuem mecânicas únicas bem divertidas.

Pontos Negativos:
- Cenas agressivas podem chocar jogadores desprevenidos.
- O jogo fica muito difícil após a batalha contra a coruja pirata.

Sugestões:
* A física do jogo poderia ser melhor.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    ☆☆
Trilha Sonora:                  ☆☆
Criatividade:                    ☆☆
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Nota final:         ☆☆☆
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Com toda certeza Ardy Lightfoot está longe de dar uma lição de jogabilidade (ainda mais quando existem jogos melhores) porém basta alguns minutos pra reconhecer que o jogo possui carisma. Não é um jogo perfeito, mas houve uma bela tentativa de fazer algo especial para as crianças da época. Genérico, mas divertido.

O legado dos emuladores para Playstation 2

Emulador pra PS2 - Super Coleção

Houve um tempo em que se o cara quisesse jogar no Super Nintendo ele teria que ter comprado um. Só que nessa época nem todo mundo tinha dinheiro então o console já era caro e as fitas você ganhava de natal ou dos parentes (quando eles tinham vontade). Mas e se você queria jogar Sonic? Imagine pedir pra sua mãe comprar outro videogame só pra jogar outra franquia exclusiva. A maneira mais fácil era ter amigos com videogames diferentes do que o seu.

Mas aí chegou 2009, tempos de jogar Playstation 2 na casa dos primos enquanto esperava a ligação dos pais no seu Nokia 5220 XpressMusic. Eu não tinha grana na época, então visitar os amigos pra jogar uma novidade era coisa de outro mundo (eu não tinha internet em casa). Certo dia em uma tarde de verão lá estava eu esperando a minha vez quando um outro amigo meu trouxe um DVD chamado Super Coleção - 7.784 jogos. Minha cabeça explodiu. 

O dilema de não ter internet em casa:
Não vou entrar em detalhes agora mas vou explicar como era o clima naquela época. Eu vivia em uma cidade do interior e ter internet em casa era luxo. Internet rápida era cara e só quem trabalhava com provedor é que estava por cima. Pra você conseguir um jogo novo de PS2 era preciso baixar e gravar você mesmo em casa (improvável) ou brincar com a sorte comprando no mercado cinza (famoso Camelô). Até hoje jamais encontrei um jogo original de PS2.

Para jogar esse tipo de mídia primeiro você tinha que comprar o videogame original (chamado de "bloqueado" na época) e tinha que ser no Uruguay porque na época o dóllar era barato e compensava mais atravessar a fronteira pra fazer a limpa nos Free Shops. Depois tinha que levar pra alguém de confiança pra ele abrir e enfiar o Matrix Infinity, um chip que burlava a segurança do console permitindo jogar mídias gravadas em casa em 4x com Nero. Bons tempos. :)

SNES Station
Reza a lenda que uns vinham até com mulher pelada!

A experiência com emuladores no PS2:
Qualquer coisa que funcionasse na época sem explodir estava ótimo. E isso não era culpa do Playstation 2, mas da qualidade do port do emulador. Tentar jogar alguma coisa de Sega Genesis era uma tortura sonora e jogos baseados em 8bits se saíam bem melhor. Mas na época ninguém queria saber de "Nintendinho", negócio era apelo visual. Portanto o nosso foco estava no SnesStation, o emulador de Super Nintendo.

A presença desse emulador foi tão importante e marcou tanta gente que não tem como perguntar pra alguém que tinha um Playstation2 se ele conhecia. Até mesmo quem não gostava de emulador tinha um DVD daqueles guardado, nem que seja pro irmão mais novo jogar. Eu acredito que toda essa nostalgia se dá graças ao fato que logo que você inicia surge um menu com créditos e uma música começa a tocar no fundo. Essa música se chamava Can't Stop Coming.


O emulador estava acompanhado de uma ROMset completa (ou quase completa, depende da versão que tu comprou) organizada por pastas em ordem alfabética. Todos os jogos que usavam chip especial se recusavam a funcionar (e quando funcionavam não duravam muito). Era possível criar e carregar um savestate, apesar que se você fosse bom nem precisava disso. Enquanto a qualidade gráfica estava (quase) intacta ás vezes o som dava umas engasgadas que obrigava a pessoa á desativar o som. Não era divertido quando isso acontecia, mas... era o que tinha na época.

Não foi uma experiência tão boa quanto jogar no próprio videogame mas como naquela época as pessoas estavam inovando tecnologicamente qualquer coisinha era novidade. Pra quem não entendia nada do assunto (tipo eu na época) tudo parecia coisa de outro mundo. Não me lembro de ter jogado tanto, só me lembro desse meu amigo enchendo o saco falando que Chrono Trigger era o melhor RPG do mundo só porque tinha arte do Akira Toriyama.

Crazy Frog
Esse é o sapo do Chrono Trigger hoje.
Se sente velho?

O legado:
No momento em que cheguei em casa tive uma surpresa: era possível jogar no computador sem precisar da mídia. Para o meu alívio, jogar no computador via Zsnes era 200% melhor do que jogar no Playstation2. E foi nesse momento que eu descobri o que diabos era um emulador. Jamais passou pela minha cabeça que seria possível jogar os meus games prediletos de Super Nintendo em um console que não fosse o próprio.

Hoje em dia a qualidade da emulação desse port é considerada péssima (a menos que a sua nostalgia seja mais forte que a realidade), até porque estamos falando de um emulador feito em 2004. Com o avanço do cenário homebrew pra Playstation2 é possível jogar atualizações do SnesStation via pendrive usando OPL (porém as atualizações não fazem milagre), apesar que existe até mesmo outros emuladores como SNESticle.

matéria produzida pelo canal HardLevel

Esse emulador é um saco:
Apesar do nome ser um trocadilho infame SNESticle não deixa á desejar. Funciona toda a biblioteca do Super Nintendo (e do NES) com exceção dos jogos que usam chips especiais (mas isso você já deve ter imaginado). Para você ter uma noção é possível jogar F-Zero e Top Gear 2 sem nenhuma falha no som ou lentidão. Algumas cenas que abusam de Mode7 (como aquela cena do Chrono Trigger) dão umas engasgadas mas não é como se o console fosse explodir.

Mas dá pra jogar Romhacks?
Estamos falando de um emulador que interpreta e adapta o código dentro de outro console. As chances da Romhack não funcionar no SNESticle são maiores porque o emulador não está preparado pra assimilar alterações do código que vão além do que se espera. É por esses e outros motivos que esses emuladores não possuem suporte para SA-1 ou SuperFX.

No caso das hacks de Super Mario World, os resultados foram decepcionantes. Se o projeto foi modificado ao ponto de parecer um jogo novo então ela tem menos chances de funcionar do que uma que apenas inseriu música e gráficos novos. Projetos antigos como Return to Dinossaur Land e Kaizo Mario funcionam como deveriam porque elas possuem apenas o básico modificado (fases, mapas, textos, etc). Se for assim melhor jogar no celular... sério!


Recuse imitações:
Hoje em dia é bem fácil de encontrar alguém tentando vender "atualizações" na internet com uma apresentação visual tão feia que parece ter sido feita pela mesma pessoa. Agora que internet é mais acessível que saneamento básico ficou mais fácil de resgatar essas memórias com a colaboração de pessoas legais que preservam jogos arquivando um backup da mídia no serviço de nuvem para a alegria dos interessados.

Você pode baixar a ISO original (arquivada por terceiros) clicando bem aqui!
Até mais, meus amigos.

08/04/2023

Mario - The Mystical Gem

Super Mario World ROMhack The Mystical Gem by Borges

Mario - The Mystical Gem é uma ROMhack original de Super Mario World produzida pelo brasileiro Mr. MS (carinhosamente chamado de Borges). Não só o sujeito manda ver nos mods de Terraria e GTA como também dá tudo de si no SMWhacking. Autor de Play To Win e Luigi's New Quest, Borges mais uma vez demonstra suas habilidades em uma nova aventura tradicional de 35 saídas, nem tão fácil e nem tão difícil.

A história do jogo é bem simples e ao contrário do original aqui não existe Princesa Peach pra ser resgatada, mas o que aconteceu foi que Bowser conseguiu a metade de uma esmeralda poderosa o suficiente pra causar o chaos. Agora o nosso herói de vermelho (e azul) vai ter que escapar da prisão do seu rival e iniciar uma aventura pra impedir que o pior aconteça. O jogo explica tudo isso através de uma cinemática na introdução do game.

Super Mario World ROMhack The Mystical Gem by Borges Download

A primeira coisa que nós percebemos ao jogar esse mod é que os visuais além de serem consistentes no jogo inteiro possuem uma ótima apresentação. Gráficos estilo cartoon, com uma paleta vibrante e cheia de vida. As fases seguem um uso consistente de gráficos pra cada ambiente possível (cavernas, gramados, montanhas, etc) e jamais possuem uma variante, apenas cores diferentes pra indicar um novo local. Direção similar usada em jogos dessa era (quando o espaço para Tiles era limitado) exigindo criatividade na hora de escolher as cores.

Um elemento visual que se destaca fortemente (além do próprio Mario) são os mapas. Apesar do mapa inicial não ser tão atraente, logo logo no segundo mundo o jogo demonstra um charme vibrante, misturando uma área florestal com uma praia. Se o gráfico inconsistente do jogo original deixava alguns jogadores roendo as unhas aqui eles ficam tranquilos, com um encanador charmoso que parece ter saído de alguma webcomic da internet.

Super Mario World ROMhack The Mystical Gem by Borges Download

Se você tem receio de entrar de cabeça no mundo louco das SMWhacks devido a dificuldade extrema de algumas, saiba que por aqui é bem tranquilo. The Mystical Gem possui uma direção bem mais tradicional de level design onde boa parte das fases seguem o mesmo propósito: vá até o final sem morrer e pegue as Dragon Coins se quiser. O tempero é que o autor introduziu algumas mecânicas de outros jogos em algumas fases para deixar a jogatina um pouco mais variada, como por exemplo o barril de Donkey Kong Country.

E se você está se perguntando... sim! Esse mod possui chefes novos pra enfrentar. Por aqui você vai enfrentar Lakitu, Kamek e aquela chama do Mario Bros 2. As batalhas são simples mas a velocidade deles pode causar ansiedade em alguns jogadores. O sistema de checkpoint é bem posicionado e o jogo dá powerup (até demais) para o jogador, aliviando a barra de quem só quer relaxar enquanto se distrai jogando alguma coisa. Para os exigentes de plantão: o jogo não apresentou nenhum problema durante meus testes usando Super Everdrive. Portanto, podem jogar sem medo na TV!

Super Mario World ROMhack The Mystical Gem by Borges Download

A trilha sonora por sua vez é bastante curiosa: ela causa um deja-vú no jogador. Isso acontece pois algumas músicas foram compostas pelo autor e outras são de outros jogos, entretanto com instrumentos diferentes. Por exemplo, o theme dos castelos é o mesmo de Super Mario Bros 3, só que os instrumentos não são do mesmo jogo. É como se fosse um remix, mas não é tão remix assim, mas continua sendo. Ao contrário de outras hacks, o volume das músicas aqui possuem todas o mesmo, causando um alívio aos jogadores.

De qualquer forma eu aprecio a criatividade do autor, que levemente se inspirou em Sonic (um vilão que precisa de uma esmeralda pra dominar o mundo?). Eu não vou contar como o jogo termina, mas vale muito a pena dar uma conferida e tudo mais. A pergunta que fica é: quando que o autor irá fazer The Mystical Gem 2
Por favor, não deixe seus fãs roendo as unhas. :)

Super Mario World ROMhack The Mystical Gem by Borges Download

Pontos Positivos:
+ Visuais coloridos e vibrantes
+ Trilha sonora cativante.
+ Algumas fases possuem mecânicas únicas bem divertidas.
+ Fases são curtas para compensar a dificuldade dos mundos finais.

Pontos Negativos:
- A nova câmera pode atrapalhar a jogatina
- A ausência de variação no level design pode desanimar o jogador.

Sugestões:
* Seria bacana dar poderes com menor frequência ao jogador.
* O barril da fase no céu poderia indicar melhor a direção.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    ☆☆
Trilha Sonora:                  ☆☆
Criatividade:                    ☆☆
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Nota final:         ☆☆
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Download: SMWCentral

Mario - The Mystical Gem não é a primeira ROMhack do autor, mas também não será a última. Foi uma experiência agradável mas tenho certeza que novatos do SMWhacking irão aproveitar a experiência com muito mais intensidade.
Parabéns, Borges, você merece.