21/07/2023

Final Fight 3

Title Screen Final Fight 3

Se teve algo que fez sucesso nos fliperamas eram jogos de luta. Alguns deles eram torneios estilo The King of Fighters e outros eram apenas vigilantes dando porrada no primeiro vagal que cruzasse o seu caminho... como Final Fight. Com o sucesso do primeiro jogo, a Capcom lançou um port meia boca pro Super Nintendo que anos mais tarde investiria em mais duas continuações, cada uma com uma vibe diferente da outra.

Hoje eu irei analisar o terceiro e último, Final Fight 3. Foi um jogo que me marcou bastante não só porque eu recebi o cartucho de presente de um amigo do meu pai como foi o primeiro jogo de pancadaria no Super Nintendo que explodiu a minha mente. Eu já havia jogado a versão cabeçuda de NES, mas ver sprites enormes interagindo em velocidade frenética foi surreal. Não é Street of Rage, mas... isso aqui também não é um Sega Genesis.

Final fight 3 options screen

O menu de opções garante uma personalização interessante: não só é possível definir a dificuldade e o quão forte a CPU amiga é como desativar o infame Fogo Amigo, evitando perder HP por bobagens. O jogo permite que você zere sozinho, com a ajuda da CPU ou com a ajuda de um segundo jogador... só que aí surge um problema conhecido: o jogo vai apresentar certa lentidão se dois jogadores estiverem jogando, não importa se for a CPU ou não.

Mas não se preocupe: é possível jogar do começo ao fim com apenas um personagem. O jogo está mais justo, com inimigos dando espaço pro jogador e mesmo na dificuldade extrema eles evitam travar você com golpes em sincronia que faria Tekken ter orgulho. As fases em geral são menores e os chefes são mais frágeis e cansados, tirando menos HP do jogador. Se você for realmente bom nesse game só verá a tela de CONTINUE? apenas uma vez... no chefão final.

Final Fight 3 cutscene

Final Fight 3 possui uma história similar ao primeiro jogo, só que ao invés de envolver a filha do prefeito aqui quem corre risco de vida é a própria população. Basicamente Haggar e seus amigos devem limpar as ruas de criminosos que fugiram da cadeia graças a um plano de vingança do chefão do sindicato do crime, que ao que parece é um ex-veterano que não bate bem das idéias. Quero dizer... alguém precisa financiar a desgraça alheia, não é mesmo?

O jogo retorna para o lugar que começou, com uma pegada mais urbana (deixando de lado aquele lance de dar a volta ao mundo pra causar confusão nas ruas) mas com um desfecho mais moderno. Todos os chefes trabalham para o sindicato e acredite se quiser você não vai querer bater de frente com um policial corrupto ou um marinheiro que levanta uma ancora como se fosse laçar o Boi Bandido. Ou pior ainda: pegar um ônibus pra enfrentar um maníaco em um lixão.

E falando em retorno, dois personagens retornam em glória completa (Haggar e Guy) enquanto dividem espaço com dois novos personagens: o lutador de rua Dio Dean e a policial platinada Lucia. Pra quem estava com saudades isso vai ser um prato cheio, não só agora podemos jogar com o ninja mais descolado das ruas como também não precisamos cair em lendas urbanas como "venda seu rim que o Guy aparece no Final Fight 2".

Is this loss?
Era pra ser esse meme.
Só avisando...

A gameplay possui varias melhorias em relação aos jogos anteriores. Não só a dificuldade é menos apelativa como o controle do seu personagem possui a qualidade básica de um jogo lançado nos anos finais do console (1995). É tudo tão suave, tão sereno que o seu personagem parece deslizar naturalmente. Eu me lembro das gargalhadas entre primos simplesmente pelo fato que é possível fazer Moonwalk pressionando L/R.

As gangues que vão servir de saco de pancada até o chefão também não decepciona. Não só agora é possível encontrar gordos bom de briga como também temos lindas gatas pra cortar o seu pescoço com as pernas. O retorno de mulheres foi um dedo do meio da Capcom após a confusão do caso Poison (um fiasco que nem quero lembrar), surpreendendo veteranos. Existem novos inimigos como os alemães que jogam Molotov e jogadores de baseball mascarados mas nada supera os malditos anões fazendo cosplay do Predator. Não, nem me lembre daquele elevador...


Jogar com o clássico Guy é uma das melhores experiências do jogo simplesmente porque ele dispara combos de fogo feito um ninja, acerta voadoras como um ninja e dá combos que parecem uma homenagem á Hokuto No Ken (Kenshiro não é ninja mas Bruce Lee praticamente era um). Muito certo que você vai revezar a gameplay com ele acertando combos imóvel e correndo feito um louco pra desligar o botijão de gás.

Jogar com Haggar é uma apelação simplesmente porque o cara é uma parede ambulante. Ele pode ser o personagem mais lento mas suas habilidades se encontram quando a situação aperta e a tela fica cheia de inimigos. A diversão aqui é agarrar seus inimigos e saltar pela tela como se fosse uma mola enquanto quebra a coluna deles com golpes proibidos de luta-livre. Um pouco repetitivo, mas vitória garantida.


Jogar com o Dean é uma experiência um tanto... chocante. O cara é uma ponte entre os dois anteriores e possui a habilidade de dar extra dano com choque. Esse choque é ativado quando o jogador "insiste" no combo, afetando não só quem tá na frente mas quem encostar em você. O ar da graça aqui é agarrar os infelizes e quebrar a coluna deles (ou apenas jogar-los no chão). Se a situação piorar nem tente dar voadora pois o papo-reto do cara é dar carrinho sem direito a cartão vermelho. Não é brincadeira não, quem sabe faz ao vivo!

Agora jogar com a Lucia é certamente a pior experiência do jogo. Eu digo isso não pelo fato de que ela parece não tirar sangue suficiente dos inimigos, mas sim que seus golpes são tão desinteressantes como do Dean. A vantagem aqui é que ela é tão veloz quanto o Guy, controla grupos como o Dean e só sabe dar chutão na boca... mas só isso. Nem o SUPER dela é interessante. Bom... alguns jogam só pra ver as pernas dela em ação mas cada um com suas prioridades, certo?

Se você pensa que morrer afogado é ruim imagina virar queijo suíço.

O fato que agora também é possível correr expande a possibilidade de efetuar golpes deixando para trás aquela monotonia de caminhar até o inimigo. Fora que ainda se encontra presente o EXTRA JOY, que é aquele golpe urgente que dá um "chega pra lá" na galera mas tira sangue de você mesmo assim. É possível ainda pegar armas do chão e curiosamente cada personagem possui uma arma favorita, acertando mais golpes:
Guy: Nunchaku (ele é um ninja, esqueceu?)
Haggar: Cano de ferro (melhor que uma cadeira de luta-livre)
Lucia: Porrete (aparentemente policiais adoram bater com bastões)
Dean: Marreta (ele arremessa o objeto eletrificado)

Nisso entra a adição mais louca desse jogo: SUPER. Conforme você acerta combos sem levar dano inimigo uma barrinha azul vai enchendo como se fosse Street Fighter Alpha. Quando essa barrinha ficar cheia você tem como 30 segundos pra efetuar um golpe especial antes que a barra esvazie normalmente. Para efetuar o SUPER é preciso agarrar o inimigo e fazer essa sequencia:
Guy: frente, baixo, frente+Y
Haggar: frente, baixo, frente+Y
Lucia: baixo, baixo, frente+Y
Dean: baixo, cima+Y


Outra coisa que foi demais são as rotas secretas. Em jogos anteriores você tinha que passar pelos mesmos lugares e enfrentar a mesma ordem de chefes, certo? Aqui é diferente. Em certas fases ao quebrar algum objeto em específico a rota será desviada para outro caminho, que poderá ser mais longo ou mais curto se você achar outros objetos que possam ser destruídos da mesma maneira: com especial ou arremessando um bandido neles.

E porque você usaria essa rota secreta? Bom, digamos que existem dois chefes com uma dificuldade absurda: um logo no começo do jogo e outro perto do fim. O primeiro é Caine, um maníaco que luta em um lixão e o outro é Stray, o doente que matou a família do Dean e agora se esconde em uma fábrica. Pra você ter noção esses caras possuem um ataque bem cheap o que torna eles mais difícil que o próprio chefão final, o sargento Black.

Mas hey... se lembra do bonus game de destruir o carro de um azarado qualquer? Aqui a situação está um pouco diferente, praticamente uma revolução das máquinas: um corno chamado Bull vai tentar te empurrar de um cais estreito. Pra impedir a desgraça você tem que acertar várias voadoras no cara, um chutão por segundo. O outro bonus game é de destruir um computador na fábrica mas essa aí é bem mais sem graça porque você tem que correr e desviar de barris.

Final Fight 3 Download

Enquanto a trilha sonora dá um show com uma sensação mais urbana/policial, bem coisa que você ouviria no filme Lethal Weapon, os efeitos sonoros não são tão bons assim. Ainda que haja uma certa sensação de impacto os golpes ficaram um pouco "mastigados". Como o foco principal foi os gráficos os desenvolvedores tiveram que comprimir algumas coisinhas pra evitar que o cartucho pegasse fogo feito uma churrasqueira com controle remoto. Brincadeira, meu!

Mas não seja por isso: essa é a soundtrack mais marcante da trilogia. Praticamente não tem uma música ruim, só tem HITS (entendeu o trocadilho?) que se destacam devido a seus momentos. Temos For Metro City (Round 1), Law And Disorder (Round 2, re-utilizado em outras fases), Explosive Situation (Round 6, intro), Chinese Takeout (Tema de batalha do Wong) e a infame música do elevador Straight To The Top. Eu não tenho boas lembranças daquela parte...


Se você parar pra pensar, o jogo tem um clima único. Como foi desenvolvido e lançado quase que no fim da vida do Super Nintendo o time responsável da Capcom já devia estar cansado e fez qualquer coisa jogável pro pessoal esquecer o desastre do port de uma vez e superar o jogo anterior. Será que isso justifica a lentidão jogando com um amigo/CPU?

Isso se torna mais evidente no final do jogo. A proposta diz que o jogo possui diversos finais mas na verdade possui apenas 1 final... o que muda no script é a posição do personagem que você escolheu e detalhes do diálogo, mas... fica apenas nisso. Para ver o verdadeiro final é preciso zerar no EXPERT, algo que em jogos anteriores seria impossível. Se não fizer isso vai aparecer um final incompleto pedindo pra você jogar na próxima dificuldade.

Não tão importante mas a recepção da crítica na época não foi das melhores. Os tais "chefes no assunto" avaliaram negativamente a experiência dizendo que era "a mesma coisa chata de sempre" e que o jogo "não superava o original". A ironia é que esse jogo vendeu tão bem quanto o anterior, mas considerando a péssima hora pra lançar um jogo (perto do natal de 1996) dizer que foi sorte é pouco, o jogo vale a pena sim.

Final Fight 3 Ending

Pontos Positivos:
+ Uma trilha sonora marcante pra um jogo de pancadaria.
+ Sprites enormes com gráficos incríveis.
+ É possível jogar com o Guy.
+ Escolher a rota até o chefão amplia o fator re-jogabilidade.

Pontos Negativos:
- Experiência CO-OP decepciona devido á lentidão.
- A rota normal é mais difícil que a rota secreta.

Sugestões:
* Lucia poderia ser mais forte. Dean poderia ter mais combos
* A música do chefão final poderia ser mais agressiva.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    
Trilha Sonora:                  
Criatividade:                    
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Nota final:         
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Eu não sei você nem os outros mas eu considero Final Fight 3 um dos melhores jogos de pancadaria do Super Nintendo. Em uma época em que Street of Rage dominava tudo a Capcom fez o que era possível pra bater de frente com o pior jogo da franquia deles (que foi o 3) e acredite: deu certo.

19/07/2023

Tajna And The Mana Seeds

 New SMWhack 2023 by Tobi

Se existe algo que deixa alguém que não sabe jogar kaizo feliz é descobrir mais uma nova ROMhack tradicional de Super Mario World. Após o frenesi que começou em 2019 o número de Kaizo Makers se expandiu enquanto os tradicionais ficaram em silêncio. A situação exigia que se você quisesse ser visto teria que fazer algo do inferno, o que desanimou quem tinha raízes em algo mais casual. Mas isso não impediu que novos mods tradicionais forem lançados até hoje.

Hoje a surpresa vem das mãos de uma certa pessoa chamada Tob, que até anos atrás estava desenvolvendo uma aventura original chamada Tajna And The Mana Seeds só que devido ao destino a sua inatividade na comunidade foi inevitável. Com o passar do tempo o desenvolvimento se tornou um mistério e pouco se sabia se a hack seria finalizada ou não. E então, como uma bela surpresa, Tob lança discretamente o seu projeto.

ROM hack SMW hack

O jogo começa com um daqueles momentos que alguém conta uma lenda (sim, tipo a abertura do Sherk). Basicamente existia um povo feliz mas aí um bando de louco viu que aquele povo tinha algo tão especial que nem eles sabiam o valor. Aí o que aconteceu? Massacre. Os vilões fizeram a limpeza e roubaram toda a Mana que ali existia e ficaram rindo de barriga cheia por anos. Mas espere! Eles esqueceram de um bravo sobrevivente chamado Tajna!

Sabe o que isso significa? TÁ NA HORA DO PAU.

Ao invés de buscar vingança o herói escolhe como sua prioridade recuperar todas sementes de Mana que antes abasteciam o povo feliz. Logo em seguida o jogo te joga com tudo em um mapa super criativo que basicamente é um livro e o dedão é o próprio personagem (não conta isso pra ninguém). O jogador então deve escolher as fases que deseja jogar, na ordem que ele quiser. Após passar de fase o que era cinza se torna colorido. Legal, né?

ROM hack SMW hack 2023

A jogabilidade aqui é tão incrível quanto são os gráficos. Apesar de sempre correr na mesma velocidade (não precisa segurar mais Y) o protagonista pode agarrar blocos e inimigos pequenos, dar um mega salto com B e o mais louco de todos: um ataque giratório estilo Mario Galaxy. Para isso é preciso saltar e apertar o direcional pra baixo. O estrago é maior se você tiver o prisma de fogo pois não só você cospe fogo feito doido como também quebra blocos.

E falando de quebrar blocos, a interação foi expandida. Se lembra que no jogo original era preciso acertar por baixo para pegar uma moeda ou poder? Aqui se você usar o ataque anterior é possível ativar esses blocos especiais por cima. A jogabilidade enfatiza que o jogador goste de ficar saltando feito louco e ás vezes o jogador pode assumir que existe Walljump do SM64, mas não. Os inimigos servem mais como trampolins, não são tão perigosos assim.

ROM hack SMW hack 2023 Download

Como vocês podem ver na imagem anterior, os gráficos são lindos. E não fica só na imagem estática, aqui a coisa possui animação extra e até parallax (Sonic 2 mandou lembranças). O autor da hack investiu na animação do protagonista, agora com uma apresentação mais moderna graças ao novos quadros por segundo. Existem outros detalhes visuais que para alguns passam despercebido mas que adiciona certo charme ao jogo. Trilha sonora não desanima.

A interface também mudou de visual, agora com duas barras minimalistas. No topo você enxerga suas vidas, o tempo e o exclusivo sistema de HP. Na parte de baixo fica as moedas coletadas e a pontuação. O jogo em si já é fácil mas agora que se você possui certa resistência ficou mais fácil ainda... você só vai morrer pra buraco. Cada stage possui a sua própria música e para encerrar basta se atirar em um treco dourado no final (referência de Austin Powers?).

Download Super Mario World SMW hack 2023

Um detalhe interessante que eu queria acrescentar para aqueles que adoram segredos é que a hack possui uma fase DEBUG, isto é, um lugar criado pelo próprio desenvolvedor pra testar algumas coisas ao longo do jogo. Pra acessar essa fase secreta você precisa posicionar o dedão igualzinho como está na imagem acima. Não só você vai encontrar blocos e explicações como fases abandonadas que, se possível seria ótimo se estivessem prontas.

De qualquer forma essa hack possui um enorme potencial mas zerar ela em menos de meia hora não é o bastante... o jogador quer mais, muito mais. O foco do game é colecionar 3 jarros de Kisuco de uva por fase mas não aparenta ter um propósito maior do que simplesmente dar uma vida extra. Não tem nem chefes pra chutar a bunda, nem fase secreta e nem um final adequado. Sem um propósito maior o fator replay cai bastante. O que é uma pena.

ROM hack SMW hack Download 2023
Isso é tudo, pessoal!

Pontos Positivos:
+ Gráficos originais lindos.
+ Protagonista é um ar fresco para hacks com personagens originais.
+ Trilha sonora de alta qualidade.

Pontos Negativos:
- Possui um potencial que não foi desenvolvido o suficiente.
- A ausência de final pra uma hack com enredo é anti-climático.

Sugestões:
* A hack poderia ser mais longa, tipo 24 fases.
* O uso de SA-1 aparenta ser desnecessário.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    
Trilha Sonora:                  
Criatividade:                    
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Nota final:         
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Download: ROMhacking.net

Alguns vão dizer que essa hack bate de frente com outras hacks originais como Sicari (o que de certa forma eu posso até concordar), mas o que considero mais importante do que uma bela apresentação é o seu vasto conteúdo. Tajna And The Mana Seeds é uma ótima hack porém deixa impressão que é apenas uma demonstração de algo muito maior.
Será que vai ter continuação? Será que vai ter expansão? Fica aí o mistério.