O nicho bizarro dos cartuchos de SMW hacks

O mercado é relativamente muito interessante. Dizem que se um produto existe significa que alguém irá comprar, mesmo que os clientes sejam da própria família. Outros dizem que se não existe um mercado para aquele produto então que seja feito. No momento em que esse produto obscuro gera lucro de uma forma ou outra envolvendo um mercado particular recebe o nome carinhoso de niche.

Agora você deve estar se perguntando: o que tudo isso tem a ver? Bom, vamos supor que exista um curioso mercado nas internets de pessoas que desejam ver a sua Romhack de Super Mario World predileta eternizada em um cartucho de Super Nintendo. Tudo isso e muito menos é o que veremos agora. Mas antes... vamos retornar ao motivo dessa matéria existir. Vamos começar a matéria de hoje com a imagem de uma fita original de EarthBound produzida na China.

É original. Confia!


O que os olhos não enxergam...
Relembre que um dia você foi uma criança ingênua.

A verdade é que quando você quer jogar não importa se é um produto original ou similar, o que importa é se divertir. E isso se torna uma realidade quando você é uma criança estúpida em uma era com internet engatinhando, sem rede sociais (apenas fóruns). A criança ficava feliz com o cartucho que o pai dava de presente mas tampouco ela iria questionar se era original ou não. O importante era jogar do começo ao fim.

Logo no começo dos anos 2000 eu comecei a perceber o frenesi do mercado informal. Eram pessoas com um trabalho não aprovado pela prefeitura (o famoso camelô) vendendo mercadoria de origem duvidosa, geralmente importada (vamos usar essa palavra) de outro país com preço menor. Como eu nasci e cresci perto do Uruguai era comum ver amigos e familiares comprando coisa em outro país pra revender aqui... tipo o meu primeiro (e último) MP3 de pilha. :)

Uma memória viva é caminhar pela praça central (a minha cidade natal só tinha um semáforo e duas praças) e ver metade da rua com revendedores em barracas, cada um deles prometendo o melhor da época só que mais barato. Isso sem contar que algumas delas colocavam grades com milhares de cartuchos laranjas de Famicom (alguns deles eram azul, outros eram pretos) todos eles de origem questionável. De qualquer jeito, é uma bela lembrança.

Ops! Parece que me empolguei...
Vamos voltar ao assunto de hoje? Sim, então vamos.

Original? Sim, mas... não.
Como funciona o mercado de reproduções.

Basicamente a reprodução (que geralmente é feita na China, apesar que na Rússia seja comum) é feita pra ser o mais próximo possível da original. Enquanto o adesivo que ilustra o cartucho seja péssimo  (brilhante e babado) o plástico e todos seus detalhes parecem ter sido feitos com todo cuidado. É como se esse pessoal tivesse uma receita e uma impressora 3D fazendo o serviço (mas isso não veio da minha boca, é uma suposição aleatória). Até a placa PCB do cartucho possui um refinamento de qualidade, com diferença que são um pouco mais grossos que a original.

Mesmo não sendo a original, alguns pilantras aproveitaram que o povo não sabe diferenciar azul de vermelho e logo começaram a importar, estocando cartuchos reprogramados pra revender em sites como Mercado Livre e Shopee. Eles estavam á todo vapor por um tempo mas parece que o pessoal viu que tinha algo estranho uma loja ter um estoque de cartuchos novinhos originais de um jogo de quase 30 anos atrás (hoje eles revendem flashcart chineses).

De qualquer forma se antigamente o pessoal era enganado comprando gato por lebre hoje esse pessoal sabe o que está levando pra casa, eles realmente buscam comprar uma similar do que a original. E por que? Bom, graças á razões externas comprar uma fita da Nintendo hoje em dia é um sofrimento financeiro: eles vão cobrar um preço absurdo. Se você prioriza o uso da sua grana (fala aí, Argentina) então recorrer á um similar vai agradar mais o seu bolso.

Mas não se engane: jogos antigos pertencem agora á um novo tipo de mercado.
Fique atento aos preços e apenas invista naquilo que achar melhor.
Super Mario World precisa estar na frente do resto.
Falando nesse jogo...

As reproduções de SMW hacks:
Tem coisa melhor que pagar caro pra jogar uma hack incompleta?

Não faz muito tempo eu estava fazendo uma dessas buscas no Google sobre as hacks que andei fazendo e me deparei com algo completamente inusitado. Isso mesmo: alguém estava vendendo um cartucho de uma hack de Super Mario World que eu compartilhei na SMWCentral. Sinceramente eu nem fiquei bravo, porque... poxa alguém vai comprar uma reprodução por $20 então essa pessoa REALMENTE gostou da hack. Tem louco pra tudo nesse mundo.

Mas foi aí que eu me lembrei que o meu caso não é isolado. Aparentemente tem um pessoal que não conheço com todos aparelhos bacanas pra produzir reproduções (as famosas REPRO) de milhares de hacks produzidas on demand. Não só você encontra hacks do tempo do Brutal Mario como vai encontrar as mais populares da atualidade. O pior de tudo é que tem gente que leva a sério ao ponto de caprichar na apresentação: tem cartucho temático e até PCB que pisca.
Que maravilha de cartucho!

E eu não vou negar: chegou um momento da minha vida que eu realmente cogitei mandar alguém habilidoso produzir um cartucho desses (não cogitei em revenda, claro) especialmente de algum projeto da minha autoria. a diferença é que na época eu só tinha demonstrações e a minha única hack completa não merecia nem ser cogitada á virar reprodução física. No fim das contas a vontade acabou indo embora e eu acabei investindo em um flashcart que, convenhamos, é muito melhor. Eu mesmo tenho um e chamo ele de Pimpolho (é uma fita bem legal, pena que não pode ver mulher).

Mas eu acredito que mais interessante do que o fato que alguém deseja comprar um cartucho de ROMhack é a própria ilustração da fita que em muitas vezes não é feita nem pelo manufaturador mas sim por algum artista do Devianart (aquele site cheio de gente estranha). Algumas artes são bem porcas mas outras dá pra ver que o sujeito investiu o dia inteiro pra trazer á este mundo perverso uma imagem que será usada sem a sua devida autorização pra sempre.

O que essa imagem tem a ver com a matéria? Quase nada.

Mas afinal: valeu a pena?
O pescador de ilusões mandou perguntar aqui pro website.

Pontos Positivos:
+ O cartucho da sua Romhack é como se tivesse um troféu em casa.
+ A imagem que ilustra o cartucho geralmente é legal e criativa.
+ Você pode emprestar pra um amigo seu (se tiver um).

Pontos Negativos:
- Atualizações? Nem pensar.
- Bugs inesperados durante playtesting vão inutilizar a Repro.
- Preço do serviço pode ser tão caro quanto uma fita original.

A ideia de gravar uma ROM em um cartucho (muitas vezes uma Romhack feita pela própria pessoa) é um sonho de criança realizado, um troféu pra se colocar na estante. Antigamente estas reproduções eram feitas pra enganar pessoas mas hoje em dia se tornou apenas um item exótico de colecionador. Tanto o seu material como seu design são superiores e preço cobrado é (geralmente) mais acessível se comparado com uma fita original (cada vez mais raro).

Por outro lado eu acho essa ideia um tanto desnecessária... veja bem: existe no mercado um cartucho especial chamado Everdrive que é capaz de jogar/dar flash (daí o nome flashcart) em qualquer ROM diretamente de um cartão SD. Sua Romhack predileta recebeu uma atualização maneira? Seu joguinho só funciona no Zsnes e você não sabia? Não precisa gastar com outra reprodução: troque a ROM e seja feliz.

Esse tipo de produto também permite jogar aquelas relíquias com chip especial encarecidas no mercado retro. Jogos com SA-1 ou Super FX o bichão roda tudo lisinho... mas há controvérsias. Alguns usuários denunciaram que o cartucho tem dificuldade em simular esses chip. Portanto pode ocorrer alguns bugs envolvendo Romhacks de Super Nintendo. Como o meu é o mais ralé possível não tenho como confirmar se é verdade... bom, pelo menos não agora.

Essa foi a matéria de hoje, meus amigos.
Obrigado e até a próxima!

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