Eu me lembro muito bem quando aluguei para um final de semana uma daquelas fitas amarelas com milhares de jogos repetidos para Polystation. Tinha jogos divertidos como Bomberman e aquelas aberrações da Konami que só prestavam pra quebrar o controle. Naquela noite eu descobri que existia um jogo similar ao clássico Tetris estrelando Dr.Mario. Eu não queria saber de outra coisa. Joguei aquilo por horas... por duas coisas: a animação dos vírus quando o jogador perdia e a música ridícula que tocava no fundo. Após aquele final de semana só fui jogar Dr.Mario no Nintendo 64 anos depois.
O jogo de hoje foi produzido e lançado por quem agora é conhecido na comunidade como B.B Link. Quero dizer, ninguém mais se lembra que o coitado existe (faz tempos que ele não diz um oi) e... caramba! 16 anos de conta é muita coisa. Onde nós estávamos? Oh, sim! A resenha de hoje será de uma hack possívelmente mais velha do que voce, uma experiencia que marcou presença nos primeiros anos da comunidade de SMWhacking. Vamos lá?
Na certa se voce clicou nesta resenha alguma coisa te chamou a atenção. Como não posso estar enganado o ponto de interesse deve ser o fato que alguém fez um mod de Super Mario World em homenagem aos jogos do outro alter-ego do nosso bigodudo. A aventura aqui inicia após Dr. Mario atender um caso bizarro de gripe na qual boa parte dos Toads estão "mais para lá do que para cá". Ao contrário do Remake (sim, existe uma versão superior) a enfermeira Peach não dá as caras ou outras partes do corpo nessa hack. Que pena, não é?
Logo de cara somos recebidos por um mapa que está longe de ser uma obra de arte mas para aqueles que não sabem desenhar mapas baunilha está mais do que bom. Ao entrar logo na primeira fase percebemos que a HUD foi discretamente editada. O autor puxou o contador de moedas para ficar ao lado do contador de vidas. O contador de Yoshi Coins se encontra logo abaixo dos dois anteriores, mas... será que essa mudança foi necessária? Claro o SCORE possui um maior destaque porém não possui uma função mais complexa durante o jogo.
Antes de comentar sobre o Level Design (acredite: é muita coisa) vamos dar uma olhada no apelo visual do projeto. O autor trocou o gráfico do nosso heroi, agora com um traje que mais parece um ajudante de laboratório da UNICAMP. Os gráficos dos poderes estão diferentes: Fireflower virou uma luva, Cogumelos virou o coração do Super Mario Bros 2 americano e o resto ficou como está. O que achei engraçado é que toda vez que Mario dispara bolas de fogo (que aqui são remédios) faz um som novo, como se um poder estivesse saindo do Question Block. É engraçado porque parece som de vomito (sem ofensas, ok?).
O apelo visual da própria fase eu considero experimental. Naquela época tudo era novidade então não se espante com o fato que alguém teve o trabalho de fazer o rip dos cenários impressionantes de jogos como Donkey Kong Country somente pra misturar com o chão do SMW. Na imagem acima eu reuni exemplos de rips que realmente ficaram bons, porém estes visuais são raros neste projeto. Tem fase que é bonita de se ver e tem outras que não se sabe ao certo o que está vendo.
Não parece mas isso é uma Boss Battle.
O loop básico do jogo é superar diversos obstáculos para visitar as inúmeras casas de Toads doentes. Uma vez que Dr. Mario chuta a porta da frente ele literalmente entra dentro da cabeça do paciente como se fosse mágica. Dentro do corpo do paciente é seu objetivo chegar até o final e derrotar o vírus que está atormentando aquele Toad através de uma batalha. Tudo acontece bem rápido mas é possível perceber que o jogador está enfrentando um re-skin mal feito de um Big Boo. Entretanto a minha observação diz que existe algo mais preocupante do que gráficos mal usados.
O maior problema deste tipo de fase é que muita coisa se repete. Os gráficos são o que 2004 poderia oferecer de melhor no quesito Vore. Como existem inúmeros Toads se imagina que cada um deles irão ter um corpo diferente (o que é verdade) mas é só chegar no quarto mundo que o próprio autor já não sabe mais o que está fazendo. É possível perceber um ou dois casos em que ele recicla o mesmo Layout já utilizado mundos anteriores. O conceito é interessante e eu até que gostei, mas esperava mais por algo considerado o foco do projeto.
Algo bacana demais que o jogo possui pra aliviar a vida do jogador é a presença de Farmácia. Em cada mundo após encontrar uma das saídas secretas é possível destravar uma lojinha, garantindo nada mais nada menos do que itens de graça. Como as duas primeiras são as mais fáceis de serem obtidas aqueles que não tem paciencia vão acabar retornando toda vez pra pegar aquele Yoshi Azul. O que é curioso pois devido a qualidade do Level Design é mais como se fosse um incentivo do próprio autor para ignorar a fase inteira. E isso não irá acontecer apenas uma vez, eu garanto.
A não ser que voce seja daqueles que adora uma SMW hack japonesa.
Voce sabe... tem louco pra tudo.
Já a sua trilha sonora está longe de ser novidade, principalmente para aqueles acostumados com SMWhacking. Ao que parece o autor utilizou um patch super antigo que insere música do Super Mario Bros 3 All Stars através de um ASM satanico. E sabe qual é a parte mais engraçada disso tudo? Abrir uma ROMhack de Super Mario World pra ouvir ISSO é a mesma coisa do que abrir um jogo feito no RPGmaker VX Ace só pra ouvir ISSO AQUI no volume máximo.
A última vez que vi algo similar foi em Muncher Run.
Não parece mas a imagem acima é de um Switch Palace.
Agora vamos mirar na parte que mais machuca o projeto que é a própria essencia da coisa: a gameplay. Logo no inicio tudo é muito ingenuo, é normal o jogador ir levando os pontos negativos numa boa... até que ele percebe que os erros persistem até o final porque o conceito por trás faz parte do game design do autor. Por aqui voce vai encontrar diversas situações bizarras como checkpoint que não salva, saída secreta perto do final da fase, backtracking desnecessário e o clássico "entupi o jogo com sprites inimigos pra ficar mais difícil" que só causa ainda mais lentidão.
Eu diria que do terceiro mundo em diante a qualidade do projeto fica na corda bamba. Não dá mais vontade de continuar jogando ainda mais que estamos em um ano com milhares de hacks mais "profissionais" do que esta. Em certos momentos o jogador é obrigado á achar um Switch Palace para poder abrir o caminho principal... enquanto as Yoshi Coins (que aqui são cogumelos dourados) além de se encontarem mal posicionados não possuem incentivo para serem coletados. Tudo que o jogador quer é chegar no final da fase para não retornar jamais.
Eu sei que pode não ficar evidente mas eu fico muito desanimado cada vez que vou jogar algo para fazer uma resenha e a experiencia não é das melhores. É como se eu fosse um professor de Karate ensinando uma Kata pra um aluno que, apesar de boas intenções, continua tropeçando nos próprios pés. Nestas situações a vontade é de ajudar o coitado mas tudo que voce deve fazer é corrigir-lo e instruir-lo a não errar na próxima. Se ele quer realmente ser faixa preta ele vai ter que fazer por merecer. Sem ajudas, sem trapaças: tem que provar o seu potencial honestamente.
A hack de hoje é quase a mesma coisa. Po exemplo: aqui temos um projeto criativo com boas intenções que assim como qualquer outra criança diante novidades surge o hype incentivando a entrar em modo experimental. Boa parte da experiencia pode não ser das melhores mas o que acredito é que ser profissional foi a última coisa que o autor cogitou. Tudo que ele queria (eu imagino) era fazer algo que, acima de tudo, ele achasse legal. Entretanto boa parte dos seus erros são técnicos o suficiente pra jogar essa conversa de diversão para os ares. E isso, meus amigos, é lamentável.
Mas infelizmente a experiencia não é das melhores. Quase tudo envelheceu mal se tornando uma viagem no tempo para aqueles que ou realmente são curiosos ou realmente tem saudades de jogar um projeto com chão baunilha e cenários de Donkey Kong Country. Naquela época era o máximo mas hoje é praticamente uma piada dentro da comunidade. Não importa se voce é casual ou da irmandade Kaizo ambos perfis vão acabar concordando com a mesma experiencia.
Quando eu menos espero o jogo emite um crash.
Alguém pode chamar uma ambulancia?
Pontos Positivos:
+ Aventura nova estrelando Dr. Mario!
+ Trilha sonora lembra uma época que não vem mais.
Pontos Negativos:
- Lentidão em boa parte das fases.
- Apresentação visual bizarra, cheia de bugs.
- Experiencia repetitiva e cansativa.
Sugestões:
* As farmácias poderiam salvar o jogo.
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Dificuldade: ★★★☆☆
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Gráficos: ★☆☆☆☆
Jogabilidade: ★☆☆☆☆
Trilha Sonora: ★★☆☆☆
Criatividade: ★★☆☆☆
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Nota final: ★★★☆☆☆☆☆☆☆
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Download: SMWdatabase
Diferente e criativa mas não estamos mais em 2004.
Vamos ver se o remake realmente fez justiça.
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