#0 IGGY'S CASTLE


Hoje a análise vai ser diferente das demais. Não, na verdade vai ser única. Tudo começou quando encontrei uma fada verde peituda na esquina vendendo jogos de SNES. E estava lá, uma cópia original de Super Mario World. Oh! Como não aceitar? Com olhos lindos daqueles e um preço tão baixo quanto influencer de corrida ilegal, quem negaria? Eu levei o cartucho para casa e como estava cansado resolvi dormir para poder jogar no outro dia após o trabalho.

Eram duas da manhã e eu comecei a ter pesadelos. Tudo que eu enxergava era um corredor escuro, como se fosse uma esquina. O vendedor estava lá mas não era mais uma fada verde... era uma figura completamente surreal. Ele sorria para mim, dizendo "Jogue". Eu negava mas ele insistia. Era carismaticamente assustador para um comerciante ambulante. Em questão de minutos eu acordei com febre. Tomei alguns remédios e peguei um ar na sacada. 

Foi quando eu enxerguei meu Super Nintendo no reflexo do espelho.
Eu não pensei duas vezes: liguei o console e fui jogar Super Mario World.


Parecia normal mas o jogo já começava com uma tela preta e o som de notificação do Discord. O jogador então contempla Mario pronto pra iniciar no castelo do Iggy porém as fases anteriores são inacessíveis. Ao som de palmas um sorriso bizarro surge na transição. Além de não ser possível dar pause nesse jogo o HUD não está mais presente. A caixa de mensagem exige que todas moedas sejam coletadas para que o Bonus Game apareça... mas o inesperado acontece.

A tela fica vermelha e Mario congela. Tudo estremece. O som distorce e como mágica Mario surge em uma fase mais escura ainda. Eu acabei caindo na lava mas para minha surpresa o bigodudo ressurge rapidamente na fase. Tentei novamente... mesmo resultado. Tudo que fiz foi correr e ignorar qualquer obstáculo até o momento em que encontrei um buraco. Como não tinha outra alternativa eu cometi suicídio, mas... Mario caiu. E caiu. E caiu em um abismo aparentemente sem fundo! Foi quando um rosto familiar surge, congelando o jogo.

"Mas que lugar é esse?"

Eu me perguntei. Parecia uma brincadeira de mal gosto mas a minha curiosidade falava mais alto. Eu já estava dentro do jogo, precisava explorar aquele local. Era o mesmo castelo do jogo original, sabe, mas com um clima mais sombrio. Pensando bem talvez seja por isso que estava escrito #0 IGGY no cartucho (pensei que fosse erro básico).O local era escuro e cheio de sangue, com moedas por toda a parte. Por instinto comecei a coletar todas as moedas que encontrei pelo caminho, algumas delas tão altas que foi necessário pegar impulso.

Foi quando encontrei uma porta. Eu entrei nessa porta.
Era uma sala escura e então um rosto me congelou e me pegou.

Lá estava ele. O comerciante que apareceu no meu sonho (ou seria um pesadelo?) com o mesmo sorriso de sempre. Ele falou algumas coisas bonitas e com o seu charme ofereceu alguns poderes. Eles eram caros e pareciam inúteis já que Mario tinha vida infinita no jogo. Mas um deles chamou a minha atenção: era uma lanterna. Tentei comprar mas o valor era alto... tentei negociar. Ele riu e disse que poderia ser minha se eu vendesse minha alma. A música do jogo ficou sombria. A coisa estava ficando séria, já temia o pior. Com medo, eu tentei fugir, mas...


Que bela surpresa. Não só escolhi o caminho errado como a febre noturna estava voltando. Tentei resetar o console, mas... nada. Desliguei tudo da tomada, liguei novamente. Voltei para estaca zero, contemplando o que já havia visto. Como não sou bobo tentei correr o mais rápido que podia no começo do jogo. Seria possível interromper que o jogo congelasse em vermelho? Eu tentei. Eu corri para tão longe que, felizmente, achei uma porta (o midway não estava por lá).

Entrei na porta e fui direcionado para a segunda sala do Iggy (aquela com auto-scroll). Eu achei estranho não ter cenário, podia ser o meu console dando problema depois de velho... mas não. Lentamente o jogo ficou cada vez mais vermelho. Vermelho e mais acelerado. Tudo que eu podia fazer era saltar os buracos e coletar moedas. Foi quando o enorme sorriso do comerciante apareceu. Eu parei de correr mas a tela me jogava para frente. Em questão de segundos o corredor criou um beco e Mario morreu apertado. Era outro final ruim para me provocar.


Eu já estava começando a ficar irritado. Não com o jogo, é claro, mas com a febre que piorava á cada segundo. Desliguei o console e fui tomar um banho gelado. Procurei alguns remédios no armário. Tomei todos eles... dane-se. O jogo me desafiava, estava curioso, faminto como um leão. Antes de ligar o console novamente chequei a hora. O que eram horas na verdade eram minutos perdidos. Quanta ironia. A febre parecia estar querendo se acalmar quando retornei ao palácio logo no começo. Será que estava tudo conectado? Mas como? Não tinha tempo pra pensar nisso.

Sabe o que eu fiz? Eu explorei o território inimigo. Uma das portas levava para uma sala fria azul, não tinha muito o que se fazer nela fora coletar moedas. Na outra extremidade encontrei outra porta, essa trancada. Pedia uma lanterna. Lembrei do comerciante dentro do jogo. Coletei o suficiente para que aquele desgraçado me vendesse por uma barganha de 100 moedas. Não quis negociar a minha alma mas posso imaginar o que poderia acontecer com Mario... ou comigo.

Eu estava determinado. Fui até aquela porta trancada e finalmente entrei.
O meu inferno aos poucos se revelou.

"Por isso a lanterna? Hmm."

Escuro demais. E o chão era vermelho? Era impossível ver o solo em que se pisava. A lanterna ajudava porém não fazia milagres. Quanto menos você podia esperar fantasmas surgiam na sua frente. Assustador. Encontrei um quebra-cabeça que até uma criança resolveria: bastasse acertar na quantidade certa dois blocos que controlassem a altura do chão. Eu tive um pouco de dificuldade nessa parte, não vou negar. Ao entrar na porta que emergia do chão lentamente um rosto desconhecido surgia na minha televisão. Não era o comerciante. Era alguém.

A febre voltou. Fiquei um pouco tonto, quase me mijei. De quem seria aquela face? Seria mais um daqueles casos em que assassinos colocam imagens de suas vítimas em videogames? Mas porque em um jogo ingênuo de Super Nintendo? Psicopatas. Todos eles... doentes. E mesmo que fosse... como? Eu não tenho certeza. O que sabia é que aquele rosto desapareceu e então a música ficou horrível. Mario lutava contra um demônio (do Splatterhouse) que empurrava uma parede. O desespero bateu conta de mim. Minhas mãos tremiam. Suava frio. Agonizante.


Não entedia o que estava acontecendo com Mario. Sendo empurrado por uma parede contra uma outra parede de pregos. Os fantasmas conseguiram me matar mas após renascer voltei ao começo da batalha. Eu gritei. Percebi que era possível empurrar (lentamente) aquela parede contra o monstro. Havia um bloco cinza que parecia ter vida própria... me perguntei se poderia ser útil. Minhas mãos trêmulas demais pra cooperar com meu pensamentos lentos. Quando menos espero, a batalha termina. Tudo ficou cinza e uma chama azul desapareceu verticalmente.

Eu ouvi uma risada. Mas não vinha de dentro da minha casa.
Podia jurar que era da minha cabeça. A febre voltava ao normal.

Mario estava em outra sala, agora vertical. Muros pintados de sangue, clima cabuloso. Havia duas portas que não tinha encontrado antes. Uma delas tinha uma caveira, exigia uma chave. Será que o comerciante tem essa chave? Onde mais poderia eu encontrar? Porém minha curiosidade se deslocou para outra porta, esta com um simbolo grifado com sangue. Ao aproximar da porta o meu controle aqueceu. Mario começou a tremer. Minhas mãos começaram a esquentar rapidamente. Foi quando o inesperado aconteceu, deixando cair o meu controle.


Eu não podia acreditar no que meus olhos contemplavam. Eu fiquei com raiva. Mas antes que pudesse gritar ou socar a minha televisão que meus avós deixaram pra mim o calor voltou. Primeiro nas mãos, depois nos braços. Ouvi outra risada. Que brincadeira é essa? Desliguei da tomada soltando um estouro. Fui direto ao banheiro, ligando o chuveiro no frio extremo. Fiquei o que seriam horas embaixo daquele chuveiro. Pensava no que fazer, arrependido.

Preparado para o pior, fiz o que tinha que ser feito. Eu não comecei essa briga mas não tinha como escapar. Era eu ou ele. Vamos ao que interessa. Liguei o console e com toda calma do mundo refiz todos os passos anteriores. O corredor, as compras forçadas, o muro de sangue. Ao chegar na área vertical ignorei aquela porta da mesma forma que o capeta foge da cruz. Fui até o comerciante e ele então me ofereceu uma chave. Uma chave bizarra. 


Retornei á porta com caveira achando mesmo que iria destrancar mas Mario não fez nada. O jogo então disse que era a chave errada. Onde poderia eu encontrar outra chave? Tentei explorar aquela sala azul (agora Big Mario) e não me pergunte como consegui um trampolim verde. Não dava pra sair da sala com ele logo fui até o fim para encontrar uma maneira de usar-lo. Saltei tão alto que encontrei uma nova chave, essa com uma caveira. Bingo: era essa mesma.

Respirei fundo. Lá estava eu de frente para a porta com uma caveira vermelha grifada. Estava pronto pra acertar as contas com quem tirou o meu sono. Mario se posicionou perfeitamente na frente daquela maldita porta. Apertei para cima no controle, violentamente. Nada. Não tinha chefe nenhum, apenas o que seria os fundos do castelo e um coveiro que mais parecia um traficante de drogas. O sujeito sem rosto me ofereceu um jogo de apostas mas recusei. Não caio nessa, parceiro.

Só faltava ele me oferecer o Jogo do Tigrinho.

Fiquei desanimado. Fora as coisas estranhas que me aconteceram até agora e minha pessoa andando em círculos. É como se eu fosse um idiota, manipulado por uma força superior. Droga! Será que não teria outro jeito? Meu pai dizia que tem jeito para tudo, menos para a... morte. Como pude ser tão obcecado com algo tão fútil? A saída estava logo no começo do jogo, naquela porta amarela da sala azul. Sim! Eu resgatei energias que antes não existiam. Estava preparado.

Ao entrar naquela sala, existia outra sala. Uma sala mais verde, mais vermelha, mais não-sei-que-cor. Era um labirinto de almas feita de pedras me impedindo de alcançar o meu sonho americano: liberdade. Mas estariam eles afinal me protegendo de mim mesmo? Até este momento só cometi erros. Por um instante me perguntei se eu era o erro e o meu console estava me punindo. Impossível... eu tive que rir. Isso aqui não é Silent Hill. Isso aqui é Super Mario, velho.


Quando menos esperava, a música mudou de tom. Mario estava agora em uma sala em escala de cinza, com alguns pigmentos vermelhos (sangue é Universal). Fui em direção da direita somente para contemplar o absolutamente nada. Beco sem saída? Segui o caminho da esquerda, por um milagre encontrei progresso. Os inimigos olhavam assustados. Não para mim, mas para ele. A coisa enorme e vermelha que estava me seguindo. Mas que coisa, você se pergunta?

Foi quando Mario parou e ele surgiu.
A febre lentamente retornou... e eu comecei a ficar com medo.

Um rosto enorme com o sorriso maléfico de um comerciante. O mesmo rosto que castigava e perseguia-me em meus sonhos. Sonhos, não... pesadelos. Tentei fazer o Mario correr o mais rápido que pude mas é como se o personagem não conseguisse correr direito. A febra estava ficando cada vez pior e aquele rosto estava se aproximando de mim. Eu mal conseguia respirar direito, estava tudo ficando escuro á minha volta. Foi quando eu enxerguei uma porta. Mas foi aí, que eu...


Pontos Positivos:
+ Assustadoramente desconfortável.
+ O final vai depender da sua intuição de detetive.
+ Jumpscares são lentos e silenciosos (quase estáticos).

Pontos Negativos:
- Um pouco confuso sem o uso de guias.
- Os chefes são difíceis pra quem não está acostumado a jogar Mario.

Sugestões:
* Nada a declarar no momento.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    
Trilha Sonora:                  
Criatividade:                    
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Nota final:         
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Download: SMWcentral.net

Uma hack de horror justamente hoje? Que tipo de presente é esse?
Feliz Natal, meus amigos! Mua-ha-ha-ha!

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