Mario's Ruined Seclusion

Imagem
Se existe um detalhe bobinho para o pessoal mais novato não querer cair de cabeça no mundo do SMWhacking é o medo de achar que todas hacks são iguais. E quando digo iguais me refiro ao receio de baixar uma hack bonita mas com uma dificuldade extrema ao ponto de acharem que é kaizo . Por essas e outras esse pessoal acaba ou jogando as hacks da Gamma V ou se divertindo com o jogo original. Selo purista de qualidade, meus amigos! Se você faz parte desse grupo não tenha mais medo. A resenha de hoje é de uma hack produzida e compartilhada pelo até então BlueSheep123 . O cidadão está á quase 10 anos na comunidade e só lançou esse jogo? Que coisa, minha gente. Seria possível uma hack ser bonita e ao mesmo tempo divertida? Seria possível expandir a qualidade Nintendo original? É o que veremos agora. Como podem ter percebido na imagem acima o autor não precisou pensar muito para que a aventura se tornasse real. Basicamente tava tudo normal quando Peach desaparece e aí você já viu. Mario agor

Quest On Full Moon Island


Nostalgia é uma droga infernal. Para validar este fato basta você revisitar algo que amou a quase 10 ou 20 anos atrás (de acordo com a sua idade). Se o bagulho for mesmo bom nada irá mudar. Agora se envelheceu feito leite seu coração ficará em pedaços. A única explicação aparente é que mentes ingênuas apreciam bons momentos ao contrário de um adulto de saco cheio com a vida moderna. O importante é fazer parte da nossa vida, não é mesmo?

A hack de hoje foi produzida em 2008 e lançada em 2011 por quem hoje é conhecido como Storm Kyleis. Caso você não entenda o cara tá na comunidade faz quase 16 anos e essa aqui é a obra prima dele, tanto é que marcou presença na vida de muitos jogadores da SMWCentral. Vamos nessa!


Pra inicio de conversa o projeto parece ter um plot irrelevante mas o desfecho surpreenderá o jogador. Tudo começa quando o nosso encanador predileto descobre um misterioso cano preto no Reino do Cogumelo. Como era difícil ignorar aquela coisa enorme o nosso herói resolveu entrar de cabeça para ver se era armação de alguém. Mario então descobriu um arquipélago esquecido faz quase 20 anos chamado carinhosamente de Full Moon. Na esperança que Bowser estivesse por trás de alguma coisa Mario iniciou uma aventura que apenas trouxe mais perguntas do que respostas.

O jogo completo possui no total quatro mapas: três pequenos e o principal. O ponto negativo dessa parte é que tudo é muito simples, mas ao mesmo tempo feio. Como podem ter reparado na imagem superior dois mapas são idênticos porém um dele possui leves edições na tentativa de informar ao jogador que é noturno. Levando isso em consideração não fico surpreso se o autor não tentou editar as bordas mesmo que fosse possível ter feito. O gráfico do protagonista é bonito mas realmente os mapas não impressionam como o resto. Que pena.


Os visuais dentro das fases são agradáveis. Pode não parecer grande coisa mas o pessoal nesta época tinha um favorito caso fosse escolher entre os gráficos originais e os redesenhados por IceGoom. Hoje em dia este estilo gráfico gera lembranças repulsivas em alguns membros da comunidade internacional, mas sinceramente eu não me importo. Ao contrário de Super Mario World Redraw aqui as cores foram editadas onde foi preciso, deixando os tons mais cinzentos para fases mais tristes. O autor parece ter se inspirado bastante pra tornar seu projeto único por aqui.

Por outro lado temos aqui uma trilha sonora que está longe de ser perfeita mas ainda mais longe de ser péssima. Uma seleção estratégica com sucessos de outras franquias como Sonic e Super Metroid compõem uma trilha sonora composta por ports desfuncionais. Se você for tentar jogar isto através de um Super Everdrive existe boas chances de acontecer um crash. Infelizmente isso ocorre com emuladores mais recentes como Snes9x. Seria esse mais um presente da era ZSNES?

Alguns chamam isso aqui de diversão.
Como você chamaria?

Se você for um saudosista que foge de desafios injustos o prato de hoje irá deixar uma sensação estranha ao paladar. Mesmo seguindo uma visão tradicional da coisa (isto é, sem esse lance de se inspirar em Kaizo ou hacks japonesas como acontece atualmente) o autor acabou apostando em uma direção mais... experimental. O segundo mapa é o exemplo mais infame porque a mecânica principal é backtracking com P-Switches. É uma decisão arriscada porque não só torna a experiência monótona como testa a paciência do jogador. Não é divertido, entende?

E então temos os castelos. Todos os castelos possuem uma dificuldade superior se comparando aos estágios anteriores (belo desafio) testando obstáculos similares já vistos mas com uma pegada mais hard. O problema é que o autor acabou extrapolando, como se ele não soubesse ao certo como elevar a dificuldade. Lentidão gerada pelo spam de inimigos e o Magikoopa (a tartaruga que solta magia) que não desaparece nunca mas sempre surge nas piores horas são bons exemplos caso você queira torturar a vida de seus jogadores. Me pergunto se o autor testou o próprio jogo.


Nessa altura do campeonato nós até esquecemos que o projeto possui um enredo. Esquecemos a verdadeira razão por explorar um local desconhecido... até a metade do jogo. Lá pelas tantas Mario entra em um castelo assombrado e se depara com quem mais tarde será o chefão final. O inimigo da vez agora é uma criatura negra chamada PITCH BLACK (de todas as coisas) porém o jogo não esclarece nada do que está acontecendo, apenas confunde o jogador com situações em que você precisa de imaginação para conectar os pontinhos.

Conforme Mario caminha em direção do castelo final o jogo começa a usar mais tons neutros/cinzas. O que era feliz se torna sem vida, afetando até mesmo a música. Essa mudança na apresentação achei bem legal apesar de ser considerado um clichê, já que para alguns lembram aquelas creepypasta. O importante é que ao chegar no mundo final (que não tem aparência de desafio final, que fique bem claro) todas as dúvidas são esclarecidas. Mario enfrenta o chefão novamente porém desta vez é frustante devido ao fato do inimigo ser mais rápido, gerando problemas com sua Hitbox.

O vilão tinha que ser preto?
Eu ainda estou traumatizado com a Kid Adventure 3.

Pitch Black é um vilão diferente dos outros mas um arquétipo comum em algumas histórias de terror. Imagine que o destino da humanidade depende da satisfação egoísta de uma entidade que fala e se comporta como um infanto que não sabe brincar, apenas matar. Quando Mario dá uma lição na criatura ele reage de forma confusa. As falas do monstro são pertubadoras porque lembram aquelas vítimas de abuso psicológico na infância. O que é curioso porque enquanto alguns jogadores vão ativar seus gatilhos emocionais outros vão sentir vergonha alheia.

Por que, né... o autor devia ser um adolescente nessa época.
Quanto mais EDGY melhor, não é mesmo?

Outro detalhe relacionado ao enredo é o fato que o clima descende em trevas de uma maneira imprevisível. Quando o jogador vai baixar na SMWcentral não existe nenhuma tag afirmando se o jogo é de terror ou não. Um jogo pode ser normal e ter elementos de terror mas ás vezes o melhor a se fazer como desenvolvedor é ser comunicativo com seu público. Imagine que alguém inocente baixou a hack pensando ser uma aventura tradicional da Nintendo quando inesperadamente o capeta surge trazendo sangue e palavrões. Esse tipo de coisa tem o seu nicho mas acredito não ser a intenção do autor.


Sendo honesto eu posso enxergar a visão do autor e até parabenizá-lo pela sua criatividade na época mas avaliando a experiência de uma maneira geral não me agradou tanto. Esta é uma daquelas hacks em que pra cada fase boa tem uma fase ruim. Tá certo que nada é perfeito mas a execução ingênua do autor merece seus créditos, mesmo com seus tropeços. É o tipo de projeto que alguns vão gostar e outros vão esperar por um remake. Afinal estamos falando de uma hack que se destacou quase dez anos atrás, os fãs merecem uma experiência mais marcante.

Bom... eu não recomendo esta hack. Entretanto se você for um jogador curioso vale a pena experimentar e até manter o projeto na sua coleção privada de ROMhacking. Não será a coisa mais profissional do mundo mas tem os seus momentos. A hack envelheceu mal ao ponto de amargurar tanto quem busca testar suas habilidades motoras como aqueles jogadores mais casuais. Não sinta vergonha de usar savestate por aqui até porque o mod de hoje deve ter sido feito com isso em mente. Como eu não uso esse tipo de coisa vou logo avisando que o bicho vai pegar (isto é, se você não desistir no segundo mapa).

A pergunta que não quer calar:
O que aconteceu com o Toad no começo da aventura?

Pontos Positivos:
+ A melhor demonstração dos gráficos redesenhados do Icegoom.
+ Level design experimental.

Pontos Negativos:
- Mapa dedicado á quebra-cabeças desmotiva bastante.
- Trilha sonora é velha demais pra funcionar normalmente.

Sugestões:
* Batalhas contra chefes poderiam ter tempo infinito.

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Dificuldade:                      
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Gráficos:                           
Jogabilidade:                    
Trilha Sonora:                  
Criatividade:                    
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Nota final:         
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Download: SMWcentral.net

Definitivamente um clássico... mas não é pra todo mundo.
Autor parece estar trabalhando na continuação. : O

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